Retomando o debate sobre a política de Comunicação da UFRJ: uma proposta de reflexão, diálogo e sistematização

Quem está há algum tempo trabalhando ou estudando na UFRJ já deve ter ouvido as expressões: “A UFRJ é uma universidade fragmentada”, “A UFRJ não se caracteriza como uma universidade”, entre outras. O que a Comunicação, que dá título a este trabalho, tem a ver com a essas questões? Qual a função da Comunicação em uma instituição pública, especialmente, na maior universidade federal deste país? Este trabalho parte do pressuposto que a Comunicação significa “vincular, relacionar, concatenar, organizar ou deixar-se organizar pela dimensão constituinte, intensiva e pré-subjetiva do ordenamento simbólico” (Sodré, 2014). Compreendendo esta universidade como uma comunidade composta por pessoas que querem se comunicar mais e melhor, pretende refletir sobre como a construção de uma política de comunicação institucional, que possua autonomia para definir métodos, planejamentos e metas de trabalho, poderá atuar como ferramenta estratégica, tendo sempre como premissa a universidade pública, gratuita, laica, autônoma, democrática e socialmente referenciada. A partir do marco teórico-conceitual da Comunicação Integrada (Kunsch, 1993), uma política visa articular diversos recursos comunicacionais, em canais adequados a cada tipo de público, de modo a promover uma mudança de paradigma, desde a maneira como nos organizamos internamente até como somos percebidos pelo nosso público externo. A comunicação na UFRJ deve ter como conceito elementar a difusão de conhecimento, por meio da divulgação das atividades de ensino, pesquisa e extensão, atuando de maneira equânime tanto entre as diversas áreas do saber, distribuídas nos seus diferentes centros e unidades, como pelos seus quatro segmentos profissionais – servidores docentes e técnico-administrativos, discentes e trabalhadores terceirizados. A proposta é retomar o diálogo de forma ampla, a fim de sensibilizar a comunidade universitária para a importância não somente da comunicação, mas de sua organização, por meio de uma diretriz. Busca-se, ainda, refletir sobre como os obstáculos institucionais de toda ordem, sejam políticos, culturais ou burocráticos, e as inércias históricas reprodutoras de privilégios e hierarquias dentro da UFRJ impediram que prosperassem as iniciativas para a constituição de uma política, impessoal, de longo prazo e a serviço da concepção de universidade como bem público integrado à sociedade. Com este esforço, almejamos sistematizar um projeto que venha a ser apreciado nas instâncias deliberativas e implementado como diretriz de órgãos e trabalhadores que produzem comunicação e informação nesta Instituição