Onde quer que o amor nos leve: idealização de Gala na vida o obra de Salvador Dalí

Dissertação de Mestrado apresentada no ISPA – Instituto Universitário para obtenção do grau de Mestre na especialidade de Psicologia ClínicaA presente dissertação tem como objectivo a análise e interpretação da vida e obra do pintor surrealista, Salvador Dalí, um artista século XX, assim como a relação com a sua mulher, Gala, fundamental para a vida e obra do artista. Através da sua obra, Dalí pôde expressar as angústias vividas na infância, que o marcaram para o resto da sua vida. Através da sua musa (Gala), e do processo criativo, Dalí conseguiu manter compensada a sua estrutura psicótica. Por forma a tentar reparar o objecto primário (Klein) e o seu próprio Self (Chasseguet-Smirgel), Dalí transforma Gala numa figura idealizada. As obras que de forma profunda, denotam, a idealização de Gala, encontram-se sobretudo no período místico e religioso de Dalí, a partir de 1949, até aos seus últimos dias. A relação fusional com a sua mãe, não o permitiu triangular, tendo posteriormente com Gala, mantido uma relação simbiótica, em busca do objecto primitivo perdido. Todas estas questões serão reflectidas através do paradigma interpretativo psicanalítico, sobretudo através das ideias de Freud, Klein, e Winnicott. O enfâse deste trabalho é constituido pelas temáticas referentes à relação de objecto, no sentido do desenvolvimento emocional, e na relação amorosa da vida adulta, sendo que, as falhas no desenvolvimento precoce são responsáveis por condicionar a vida futura do casal, em particular, através de uma problemática simbiótica.The present dissertation aims at the analysis and interpretation of the life and work of the surrealist painter, Salvador Dalí, a 20th century artist, just like the relationship with his wife, Gala, fundamental to the life and work of the artist. Through his work, Dalí can express the anxieties experienced in childhood, which marked him for the rest of his life. Through his muse (Gala), and the creative process, Dalí managed to keep his psychotic structure balanced. In order to try to repair the primary object (Klein) and his own Self (Chasseguet-Smirgel), Dalí transforms Gala into an idealized figure. The works that, in a profound way, denote the idealization of Gala, are found mainly in the mystical and religious period of Dalí, from 1949 to his last days. The fusional relation with his mother, did not allowed him to triangulate, having later with Gala, maintained a symbiotic relationship, in search of the lost primitive object. All these questions will be reflected through the psychoanalytical interpretative paradigm, especially through the ideas of Freud, Klein, and Winnicott. The emphasis of this work is constituted by the themes related to the object relation, in the sense of emotional development, and in the loving relationship of adult life, being that, the flaws in the early development are responsible for conditioning the future life of the couple, in particular, through a symbiotic problematic