APRESENTAÇÃO :Dossiê 50 anos do Golpe: poder, cultura e ideologia no Brasil e América Latina

Este dossiê da revista Opsis intitulado 50 anos do Golpe: Poder, Cultura e Ideologia no Brasil e América Latina discute, por meio dos textos de seus/suas colaboradores/as, questões candentes sobre o tema de forma oportuna neste momento em que se completa 50 anos de um golpe de Estado que interrompeu, mais uma vez, um período de constitucionalidade democrática, nos moldes vigentes durante o governo de Juscelino Kubistchek e os de Jango Goulart e Jânio Quadros. Por mais de 20 anos o país retornará à obscuridade que as ditaduras impõem em nome da ordem e da segurança nacional, e ainda hoje os grilhões implantados no país se fazem presentes não apenas nas instituições do Estado, mas também nas vozes daqueles que consideram mais fácil agir sorrateiramente, tentando solapar com os argumentos de sempre, as discussões e as manifestações que põem na ordem do dia as demandas sociais, as críticas e as proposta sobre a coisa pública. Sim, porque ao longo de quase todo o século XX, os segmentos dominantes defenderam com punhos de ferro, na verdadeira acepção da palavra, seus interesses autocratas, respaldados na defesa da nação contra o comunismo, o eterno inimigo que se punha em todos os cantos, tanto interna quanto externamente.Nesta lógica qualquer um que ousasse pronunciar-se criticamente sobre a coisa pública era “enquadrado” como comunista. Se não fosse tão trágico para um país viver nestas condições, poderiam ser tomados como comédia os incontáveis relatórios de agentes do Estado, tais as absurdidades que ali se encontram. Mas estes foram pagos com dinheiro público para vigiar, suspeitar, formar dossiês, formular provas condenatórias, prender, torturar,matar e estenderam seus braços a todos os rincões do país, daí não ser possível fazer pilhéria de tais escritos por sua absurdidade, por não poderem ser tomados em separado da função social repressora que cumpriram