A inclusão de estudantes indígenas no curso de enfermagem da UFMT – Sinop: alcances e desafios

In the scope of the universities, new challenges are placed daily with the aim of overcoming the limitations which hinder the full participation of the subjects. In this sense, the inclusion of indigenous students in higher education represents an iconic and challenging reality. The article discusses how indigenous students and teachers who participate in the undergraduate course in Nursing from the Federal University of Mato Grosso (UFMT) in Sinop, Brazil, perceive the Indigenous Inclusion Program (PROIND), introduced there. It is, therefore, an exploratory, descriptive and interpretative study. Four indigenous students and six teachers participated in the study. The data collection was carried out through semi-structured interviews. The perception of the students prioritized the operational and pragmatic aspects, since the political aspects and the critical perception appear only underlying. In their statements, access to higher education was perceived as a federal government initiative, available to the indigenous peoples, and not as a right, an achievement or mitigatory measure. For the teachers, the issue of affirmative policies created certain uneasiness either by not wishing to speak contrary to them, or because they could not find adequate arguments to fight or defend them. The formal entry and the daily presence of the indigenous students in university spaces, when analyzed by more careful lenses, reveal a new form of exclusion, sometimes explicit, sometimes dissimulated, especially in the classroom and spaces of socialization. As will be seen in the text, there is still much to be done and built in order to effectively universalize the offer of quality higher education for indigenous peoples. No âmbito das universidades, novos desafios são postos, cotidianamente, com o intuito de superar as limitações que impedem a participação plena dos sujeitos. Nesse sentido, a inclusão de estudantes indígenas nos cursos superiores caracteriza uma realidade emblemática e desafiadora. O artigo discute como os acadêmicos indígenas e os professores que participam do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no campus de Sinop, Brasil, percebem o Programa de Inclusão Indígena (Proind) lá implantado. Trata-se, portanto, de um estudo exploratório, interpretativo e descritivo. Participaram do estudo quatro acadêmicos indígenas e seis professores do curso. A coleta de dados deu-se por meio da técnica de entrevista utilizando um roteiro semiestruturado. A percepção dos discentes priorizou as questões operacionais e pragmáticas, uma vez que os aspectos políticos e a percepção crítica aparecem apenas subjacentes. Nos seus depoimentos, o acesso aos cursos superiores foi percebido como uma iniciativa do governo federal, disponibilizada aos indígenas, e não como um direito, uma conquista ou uma medida mitigatória. Para os docentes, a questão das políticas afirmativas despertou certa inquietação, quer por não desejarem se manifestar contrariamente a elas, quer por não encontrarem argumentos adequados para combatê-las ou defendê-las. O ingresso formal e a presença cotidiana de indígenas nos espaços universitários, quando analisados por lentes mais cuidadosas, revelam uma nova forma de exclusão, ora explícita, ora dissimulada, especialmente nas salas de aula e nos espaços de socialização. Como se verá no texto, ainda há muito a ser feito e construído no sentido de universalizar efetivamente a oferta da educação superior de qualidade para os povos indígenas