Qualidade de vida, bem-estar psicológico e autoestima em sobreviventes de acidente vascular cerebral : implicações da doença para a saúde mental

Tese de mestrado, Psicologia (Secção de Psicologia Clínica e da Saúde, Núcleo de Psicoterapia Cognitiva-Comportamental e Integrativa), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2016O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte, dependência e incapacidade em Portugal, sendo necessário compreender de que forma um episódio tão marcante e alterável do quotidiano afeta o funcionamento psicológico do sobrevivente, um tema que se demonstra escasso na literatura portuguesa. A presente investigação pretende, assim, desenvolver e validar um novo instrumento de qualidade de vida pós-AVC, com uma visão holista sobre a problemática, de forma a avaliar diferenças individuais quanto ao impacto da doença nos pacientes. A validação convergente e discriminante do questionário envolveu ainda a avaliação de variáveis como o bem-estar psicológico, a autoestima e a presença de sintomatologia psicopatológica. O estudo contou com 99 participantes, distribuídos por três grupos distintos: não portadores de doença diagnosticada, portadores de doença crónica que não a doença vascular cerebral e sobreviventes de AVC. Os resultados apontaram que o grupo de sobreviventes de AVC foi o grupo que demonstrou significativamente menores índices de qualidade de vida, bem-estar psicológico e autoestima e maiores índices de depressão, evidências que se demonstram relevantes do ponto de vista do processo de validação do novo instrumento.Stroke is the first cause of death, dependence and disability in Portugal, thus it’s necessary to understand how such a remarkable and changeable episode of life affects survivor’s psychological functioning, a theme that reveals rare in the Portuguese literature. This research aims to develop and validate a new post-stroke quality of life instrument, with an holistic view of the problem, in order to assess individual differences in the impact of the disease in patients. Convergent and discriminant validity of the questionnaire also involved the assessment of variables such as psychological well-being, self-esteem and the presence of psychopathological symptoms. The study included 99 participants, divided into three groups: non-carriers of diagnosed disease, chronic illness patients with no cerebrovascular disease and stroke survivors. The results have shown that the group of stroke survivors was the one with significantly lower levels of quality of life, psychological well-being and self-esteem, and with higher levels of depression, evidences that demonstrate to be of relevance for the new instrument validation process