Sociedade de Assistência aos Trabalhadores do Carvão (SATC) e a tutela médico-sanitária das relações materno-infantis

Em meados do século XX a Região Carbonífera Catarinense enfrentava uma série de problemáticas relacionadas à saúde e à mortalidade infantil. A inexistência de um eficiente sistema assistencial financiado e gerido pela administração pública municipal ou estadual levou o empresariado local a buscar parcerias junto ao governo federal com o intuito de erigir um complexo assistencial destinado a atender a população operária da região mineira. Fundada em 1959, a Sociedade de Assistência aos Trabalhadores do Carvão (SATC) surgiu com o objetivo principal de prover serviços de assistência à população pobre, priorizando sempre que possível o atendimento à infância e à gestante. No entanto, financiada em grande medida pelo empresariado local, a SATC prestou um tipo de assistência pautada no modo de vida burguês, impondo a seus assistidos normas e padrões de gênero que deveriam nortear suas vidas cotidianas. Assim, muito mais que uma instituição meramente assistencial, a SATC ajudou a promover modelos de trabalhadores, infâncias, maternidades, masculino e feminino que deveriam ser introjetados por todos/as. Abstract: In the mid-twentieth century, the Coal Region of Santa Catarina faced a series of problems related to health and child mortality. The lack of an efficient health care system funded and managed by municipal or state government led local businesses to seek partnerships with the federal government to build a health complex designed to meet the needs of the working population of the mining region. Founded in 1959, the Sociedade de Assistência aos Trabalhadores do Carvão (SATC) was created to provide health services to the poor, especially to children and pregnant women. However, funded largely by local businesses, the assistance provided by SATC was dominated by bourgeois values and gender patterns which were then imposed on the poor. Much more than a purely service institution, SATC promoted patterns of behaviors that workers, children, expectant mothers, males and females were supposed to internalize