A (in)formação da grávida adolescente: contributos da supervisão na educação para a saúde

Mestrado em SupervisãoA gravidez na adolescência é vivida de diferentes formas, dependendo estas da complexidade do contexto socio-cultural em que cada uma das grávidas está inserida. O presente estudo tem como objectivos: conhecer as representações da grávida adolescente acerca da informação sexual transmitida pelos pais e professores; conhecer as atitudes comportamentais na área da sexualidade e contracepção e quais os recursos utilizados para melhorar a informação sexual; conhecer as representações da grávida acerca da informação transmitida nas consultas pré-natais; identificar os principais medos e receios das grávidas adolescentes; identificar as principais necessidades informativas destas grávidas, no campo da educação para a saúde. A amostra foi constituída por 160 grávidas adolescentes, que frequentaram as consultas pré-natais em sete centros de saúde, nas consultas externas de dois hospitais distritais e de uma maternidade central. Para a recolha de dados, utilizámos como instrumento de avaliação um questionário, construído para este estudo, cuja aplicação decorreu entre Dezembro de 2002 e Maio de 2003. Como principais resultados deste estudo, verificámos que as adolescentes grávidas maioritariamente, possuíam baixa escolaridade, já tinham terminado os estudos quando ficaram grávidas, encontravam-se desempregadas e uma minoria apresentava empregos muito precários. Procuraram mais os professores do que os pais para obterem informação sexual. Quanto à satisfação com essa informação, ela foi ligeiramente superior também nos professores. Na escola raramente tiveram aulas de educação sexual e os professores raramente falaram em métodos anticoncepcionais. O início precoce das relações sexuais, não foi influenciado pela satisfação com a informação sexual recebida. Conheciam os vários métodos anticoncepcionais, mas só algumas vezes os utilizaram. O tempo que mediou entre o início das relações e a gravidez foi muito curto. A gravidez não foi planeada, mas foi bem aceite pela grávida, companheiro e familiares. São significativas as percentagens de grávidas pela segunda vez e daquelas que fizeram interrupção de gravidez anterior. A satisfação com a informação recebida nas consultas pré-natais, foi alta e maior nas grávidas com maior escolaridade. Valorizam mais os riscos da não frequência às consultas pré-natais, do que os riscos de uma gravidez nesta fase etária. Iniciam tardiamente as consultas. As grávidas que estão mais satisfeitas com a informação, assim como as que planearam a gravidez iniciam consultas pré-natais mais cedo. São sugeridas algumas implicações e sugestões que visam promover e melhorar a informação sexual, contribuindo, assim, para reduzir os índices de gravidez na adolescência. Alertamos para a necessidade de maior formação sexual dos pais e professores neste âmbito, para a supervisão da educação sexual nas escolas. É importante promover o início mais precoce das consultas pré-natais e a motivação e interesse pelas mesmas, melhorando a vigilância médica materno-fetal, através da oferta de cuidados mais personalizados, atendendo aos seus contextos, às suas características pessoais, melhor comunicação e maior disponibilidade nas consultas, maior apoio sócio-afectivo, contribuindo assim para o desenvolvimento da saúde mental e física da grávida e para o bem estar fetal.Pregnancy during adolescence is lived in different ways. The differences depend upon the complexity of the social/cultural context of the pregnant women, as well as their maturity. The objectives of the present study are: to understand what the pregnant adolescent woman thinks about the sexual education transmitted by her parents and teachers; to understand what pregnant adolescents know about pregnancy and of how prenatal appointments function; to identify their main fears and worries; to identify in the field of health education the main needs of information. The sample was made up of 160 pregnant adolescents who attended prenatal appointments in seven healthcare centres, two district hospitals and a maternity, all of which in the central region of the country. A questionnaire was used as an evaluation tool in order to obtain data. It was applied from the December/2002 to May/2003. The main results of this study show that the pregnant adolescents had low qualifications or had already finished their studies when they got pregnant. Most of them are unemployed or have temporary jobs. Pregnant Adolescents also prefer asking the teachers rather than their parents for sexual information. There is a higher satisfaction with the sexual information supplied by the teachers in relation to the information supplied by the parents. Having sexual relations at an early age was not influenced by the satisfaction with the sexual information transmitted by the parents and the teachers. There was high satisfaction with the information transmitted by the healthcare professionals in prenatal appointments. The satisfaction was higher amongst pregnant women with higher education. The pregnant women who start going earlier to prenatal appointments and those who planned their pregnancy are the most satisfied. They value more the risk of not going to prenatal appointments than the risk of a pregnancy at their age. The results obtained suggest that we should promote and improve the sexual information/education given both by parents and teachers, contributing as such towards a reduction of pregnancy in adolescence. In order to achieve this we point out the need to train the parents in this area, to supervise sexual education at the schools and increase the number of institutions with multidisciplinary teams offering specific prenatal appointments teams. It is important to promote an earlier participation in prenatal appointments, improving the medical maternal-fetal vigilance. This improvement is possible by offering a more personalised assistance and a better social/affective support. This contributes to the mental and physical health of the pregnant woman and her chil