“O homem é um ser limitado que não tem limites”. Este paradoxo simmeliano ilustra a singularidade de uma reflexão que tem por centro a unidade dos contrários. A errância de Simmel por uma enorme variedade de objectos, por vezes aparentemente desconexos – “a ponte e a porta”, “a ruína”, “a asa do bule”, “a aventura”, “o pobre”, “o estrangeiro”… –, permitiu-lhe interrogar secretas afinidades, transgredir limites e diluir fronteiras para reconhecer, enfim, a unidade da vida na multiplicidade das formas em que se manifesta. Os ensaios metafísicos que compõem o seu “testamento” – Visão da Vida (Lebensanschauung) – são a expressão mais decantada desta problemática. Ao explicitar a trama essencial que subjaz à diversidade dos temas, objectos ou di...