In the middle of the way: between the adolescent speech and the norm

Esta dissertação teve como objetivo investigar como alguns/algumas adolescentes vêm construindo suas diversas possibilidades identitárias e dentre elas as de gênero a partir do dispositivo da sexualidade. Para tanto, analisei narrativas de alguns/algumas adolescentes, que eram meus alunos e minhas alunas das oitavas séries, no ano de 2007, numa Escola Municipal de Ensino Fundamental da cidade do Rio Grande/RS. Essas narrativas foram produzidas a partir de estratégias de fazer falar , por mim adotadas, que consistiram de atividades desenvolvidas com os/as alunos/as a respeito da temática da Sexualidade. No estudo, estabeleci conexões com os Estudos Culturais, nas suas vertentes pós-estruturalistas, dialogando com autores como Bauman, Fischer, Hall, Louro, Silva, Veiga-Neto, entre outros; além de tomar empréstimo de algumas preposições de Foucault. Entendo que as diversas instituições tais como a família e a escola, além dos artefatos culturais que funcionam como uma pedagogia cultural direcionados aos/às adolescentes acabam produzindo esses corpos adolescentes, instituindo-lhes marcas e identidades, como também (re)posicionando-os nos diversos espaços sociais em que circulam. Essas práticas discursivas vêm interpelando de modo especial, os/as adolescentes, inscrevendo-se em seus corpos e constituindo as suas identidades. Buscando lançar um olhar sobre como os discursos direcionados aos/às adolescentes colaboram na constituição das suas identidades, a investigação narrativa mostrou-se uma estratégia atraente, pois possibilitou analisar a rede de enunciados que emergiram nos encontros, a partir de um entrecruzamento de narrativas, pois ao narrar-se e agirem, os sujeitos alunos/as e professora foram construindo os sentidos tanto de si quanto de suas experiências no processo de contar/ouvir/contrapor histórias. Ao escolher a Sexualidade como tema de pesquisa e as narrativas produzidas pelos/as alunos/as adolescentes, material de investigação, simultaneamente outras questões foram se apresentando, tais como corpo, gênero, norma, mídia, identidade, diferença. Ao proceder os movimentos de análise, optei, inicialmente, por selecionar algumas das atividades desenvolvidas a fim de analisar a multiplicidade de discursos e estratégias presentes nas narrativas, que vêm produzindo os corpos desses/as adolescentes, ensinando-lhes modos de ser e viver a sexualidade e a adolescência na contemporaneidade. A partir dos marcadores sociais relacionados à adolescência, pôde ser problematizada a adolescência como uma construção discursiva e não apenas como uma fase da vida ligada a mudanças corporais e nomeada de forma estereotipada como rebelde, ou até mesmo como possíveis alienígenas pós-modernos. Partindo do entendimento da sexualidade como uma construção histórica e culturalmente constituída nas experiências de vida das pessoas, nos diferentes espaços sociais e dentre eles a escola foi possível perceber que os/as adolescentes têm vivenciado a sua sexualidade a partir dos discursos institucionais da família e da escola (o da prevenção), associando sexualidade ao ato sexual. Em suas falas percebeu-se um entrecruzamento entre as identidades sexuais e as identidades de gênero. Foi percebido, também, que a identidade considerada para eles/elas como normal é a heterossexual. A partir das análises feitas, vejo a sexualidade como um dispositivo histórico, como indicado por Foucault, em que o sexo é posto em discurso pelas diversas instituições sociais, com o intuito de regular a sexualidade dos sujeitos e, a partir dessas práticas discursivas, contribuir para a subjetivação de suas identidades