Alcoolismo: fenômeno do corpo, da alma, da cultura

Objetivamos com este trabalho compreender a questão do alcoolismo inserido em duas ordens de saberes: popular e científico. Constatamos que, apenas conhecendo as representações sociais no que diz respeito a saúde, a doença, a vida, a morte, é que poderemos chegar a uma compreensão abrangente do conceito de alcoolismo, de uma classe social onde as enfermidades de maneira geral são apreendidas como "fenômenos físico-morais", e onde há uma multiplicidade de sistemas alternativos de cura. Aprofundamos o conhecimento das representações do alcoolismo nas camadas populares em relação ao conceito, etiologia e alternativas de tratamento. A maior relevância dos conceitos de vício, e outros de ordem moral e religiosa, refletem toda uma multiplicidade de percepções, reveladores de uma visão abrangente do alcoolismo, como um fenômeno que abarca o homem em sua totalidade. Analisamos como o saber cientifico com relação ao alcoolismo é assimilado pelo meio popular, até onde se entrelaçam, sendo passíveis de articulação, e até onde se constituem saberes conflitantes. Reavaliamos o conceito de vicio, levantando a hipótese de que o mesmo venha a se constituir uma representação físico-moral de fenômeno do alcoolismo, incorporando na sua formulação o conceito de dependência e representações de outra ordem. A partir dessas considerações buscamos uma compreensão mais abrangente da singularidade dos alcoolismos das camadas populares, o que poderá fornecer subsídios para a implantação de futuros trabalhos preventivos