O camponês e a construção da educação do campo: uma análise crítica do Pro Jovem Campo - saberes da terra

Esta pesquisa tem como objetivo analisar as contradições do ProJovem Campo: Saberes da Terra, buscando compreender a participação da classe camponesa, por meio dos movimentos sociais do campo (MSC) na construção das políticas públicas de educação para o campo a partir das relações desses sujeitos no Estado brasileiro. O referencial teórico no qual se fundamentou a pesquisa foi o método histórico dialético como teoria do conhecimento, na forma como este se desenvolve no interior da Educação do Campo, construindo uma interface com elementos da Educação Popular sistematizada por Freire, em cuja pedagogia, as noções de “trabalho e de cultura” se realizam no próprio processo de tomada de consciência; tendo o diálogo, a democracia e a busca da libertação como expressões dessa pedagogia. Dialoga-se também com a Pedagogia do Movimento, nascida no interior de MSC, em especial o MST. Essa pedagogia, tomando o movimento da realidade, a práxis, a experiência vivida, as ações e os gestos, como centralidade da vida humana, nos processos culturais e educativos, reafirma o peso formativo dos processos sociais. A análise de documentos foi o instrumento metodológico central utilizado. No intuito de apropriar-se do programa em questão e dos contextos que o criou, elegem-se para análise os seguintes documentos Diretrizes operacionais para as escolas de educação básica do campo, o documento-Base do ProJovem Campo – Saberes da Terra e o Percurso formativo do PJCST. Aplicaram-se ainda cinco entrevistas como forma de ampliar o olhar sobre o objeto. A escolha dos sujeitos entrevistados teve como critérios: terem participado do referido programa, representarem sujeitos de distintas funções e diversos espaços no programa, bem como que respeitasse a equidade de gênero. As análises afirmam a presença dos MSC em relação às transformações na educação no meio rural e reafirmam o pressuposto de que a escola não é o único instrumento ou espaço educativo da sociedade; no entanto, a instituição escola representa um acúmulo de conhecimentos e experiências aos quais os camponeses têm direito. Nesse sentido, as tensões materializadas em conflitos entre MSC e Estado explicitam contradições fundamentais na ação do Estado capitalista no desenvolvimento de suas políticas, ao passo que se tornam expressões pedagógicas da luta contra-hegemônica. As contradições no interior desse programa educacional voltado para jovens e adultos do campo chegam a seu ápice pela forma emblemática como é concluído (interrompido), com a decisão do governo federal, que desconsiderou toda a mobilização e os processos construídos em sua trajetória. Isso fechou um canal de diálogo, de participação que os MSC vinham construindo na esfera da disputa por políticas públicas de educação.This research aims to analyze the contradictions of the Young Pro Field: knowledge of earth, seeking to understand the participation of rural social movements (MSC) in the construction of educational policies to the field from the relations of these subjects in the Brazilian State . The theoretical framework in which this work was based was the historical dialectic as a theory of knowledge, in the way it develops within the Education Field , building an interface with elements of Popular Education systematized by Freire in whose pedagogy, the notions of “work and culture” are held in the very process of awareness; having dialogue, democracy and the pursuit of liberation as expressions of this pedagogy. Also in conversation with the Pedagogy of Movement, born within MSC, especially the MST. This pedagogy, taking the movement of reality, the practice , the experience, the actions and gestures while centrality of human life, cultural and educational processes, reaffirms the weight training of social processes. The document analysis was the central methodological tool used. In order to take ownership of the program in question and contexts that created it, we chose to analyze the following documents: Operational Guidelines for Schools Basic Education Field, the document-Base Pro Youth Field: Knowledge of Earth and the Formative course PJCST. Were also applied five interviews as a way to broaden perspectives on the object. The choice of interviewees had as criteria: the fact of having participated in the program, they represent subjects from different functions and different spaces in the program as well, one that respects gender equality. The analyzes affirm the presence of MSC in relation to changes in education in rural and reaffirm the assumption that the school is not the only instrument or an educational society, however, the school institution represents an accumulation of knowledge and experiences to which farmers are entitled , in this sense, the tensions embodied in conflicts between MSC and the state, explain the fundamental contradictions in the capitalist state action in developing their policies, while pedagogical become expressions of antihegemonic. The contradictions within this educational program for youth and adults from the field reach their apex, the emblematic form as completed (Government Decision); disregarding all mobilization and processes built. This closed a channel of dialogue, participation of MSC in the sphere of competition for public education policies