Determinação de ²³8U, ²²6Ra, ²²8Ra e 40K em uvas e vinhos da região do Vale do São Francisco

A avaliação dos teores de nutrientes em mostos e vinhos é de extrema importância e tem despertado o interesse de muitos pesquisadores tendo em vista que estas análises são essenciais para o controle da qualidade e autenticidade do vinho. Não menos importante é a avaliação do impacto causado pela presença de contaminantes nos solos ou pela introdução destes contaminantes via adição de agrotóxicos ou de fertilizantes, ou pela própria irrigação. Fertilizantes, por exemplo, podem conter, além dos elementos essenciais às plantas, elementos indesejáveis, como radionuclídeos naturais e metais-traço. Tanto os metais-traço como os radionuclídeos podem influenciar a qualidade como o valor comercial dos produtos agrícolas. No que se refere aos radionuclídeos, destacam-se aqueles de origem natural, incluídos neste grupo os componentes das séries do urânio e tório, além do 40K, que está presente em todos os solos e rochas com uma concentração de cerca de 0,012% do potássio natural. Os teores de urânio e de seus produtos de decaimento no solo podem ser alterados pela adição de fertilizantes fosfatados. Embora inúmeros estudos tenham sido realizados sobre o impacto da presença de metais pesados e de radionuclídeos em produtos agrícolas, não há na literatura estudos sobre a importância da presença de radionuclídeos naturais na uva e no vinho. Com base nisto, este trabalho objetivou o estudo das concentrações de alguns radionuclídeos da série do 238U e 232Th, especificamente o 226Ra e 228Ra, além do 40K, nos vinhos e uvas produzidos na Fazenda Milano, na região de Petrolina PE, no Vale do São Francisco. Além disso, foram realizadas medidas complementares de alguns metais-traço a fim de se verificar a existência de uma possível correlação entre esses metais e os radionuclídeos estudados. Os radionuclídeos foram determinados através da espectrometria gama, utilizando-se um detector de germânio hiperpuro. Os resultados obtidos para o 226Ra em amostras de polpa e vinho variaram de 0,60±0,05 a 0,70±0,05 e de 0,16±0,01 a 0,45±0,08 Bq L-1, respectivamente. Os valores de 238U se situaram entre 8,7±1 a 10±1 e 1,4±0,4 a 3,2±0,9 Bq L-1 para as amostras de polpa e vinho, respectivamente. As concentrações obtidas para o 40K variaram entre 43±1 a 56±2 para a polpa e 85±2 a 94±1 Bq L-1 para o vinho. Os teores de 226Ra e 40K estão de acordo com os valores encontrados na literatura para a polpa e vinho. Nas amostras de solo, o 226Ra e 228Ra estão presentes em concentrações de atividade superiores aos valores de referência da UNSCEA