Uma hermenêutica criativa ao serviço da renovação pastoral: em torno da recepção do Concílio no contexto português

Na consciência de que, na recepção do Vaticano II, está em jogo o modo como a Igreja vive no momento actual a sua identidade e missão, o estudo olha preferencialmente para a recepção do Concílio no quadro da Igreja (das Igrejas) em Portugal. Tendo como pressuposto alguns critérios de ordem hermenêutica, o texto concentra-se em cinco perspectivas, sob as quais parece indispensável reler e avaliar a recepção do Concílio no contexto português. Analisam-se assim: o significado heurístico que possuem a consciência eclesial e a reflexão teológica sobre o processo de recepção do Concílio; a percepção do significado epocal do acontecimento conciliar; o caminho difícil da prática da sinodalidade na vida da Igreja; as dificuldades na recepção da colegialidade episcopal e da teologia das Igrejas locais; a dimensão de “pastoralidade” como interpelação à vida e ao testemunho da Igreja, hoje. Globalmente e em conclusão, aponta-se para a necessidade de uma hermenêutica criativa como impulso e desafio a uma profunda renovação pastoral.Aware that what is at stake in the reception of Vatican II is the manner in which the Church lives its identity and mission at the present time, this study concentrates on the Council’s reception within the framework of the Church(es) in Portugal. Underpinned by certain hermeneutical criteria, the text focuses on five perspectives, from which it appears indispensable to read anew and to evaluate the Council’s reception in the Portuguese context. Under analysis, then, are: heuristic significance borne of ecclesial awareness and theological reflection on the process of the Council’s reception; perception of the conjunctural significance of the Council as an event; the difficult road of synodal practice in the life of the Church; difficulties in the reception of episcopal collegiality and of the theology of local Churches; the dimension of ‘pastorality’ as an interpellation to life and to the witness of the Church today. In global terms and in conclusion, it points to the necessity for a creative hermeneutic as an impulse and challenge to profound pastoral renewal