Cultor de uma alegre descrença, avesso ao discurso engajado e, acima de tudo, certo de que nunca é tarde para quem nada espera, Albert Cossery tornou-se conhecido como o “Filósofo da Preguiça” – último exemplar de autêntico dandy a circular pelas ruas de Paris. Se prevaleceu esta imagem, senão caricatural, bastante redutora, nas poucas apreciações de sua obra, uma leitura hermenêutica encontra, porém, uma rica constelação de propostas subjacentes ao seu aparente discurso fatalista: há uma vida nova para quem percebe as dádivas por detrás do trágico, ou, mais que isto, uma oportunidade para reconciliar-se com o mundo e a própria impostura que o sustenta. Uma incursão no seu universo filosófico acaba por descortinar uma singular tradição de a...