Léxico, purismo, estilo – questões queirozianas

A carta “A E...” é a sexta, integrada no volume Cartas Inéditas de Fradique Mendes e mais páginas Esquecidas . O seu título não é, de resto, o original. Ela dirigia-se, na verdade, a “Meu Caro P.”. O filho do escritor alterou o destinatário (que aqui funciona como título), por ser óbvio que tal texto seria endereçado ao próprio autor, Eça de Queirós. Ernesto Guerra Da Cal atribui-lhe a data possível de 1885, talvez Junho. O autor nunca a publicou; o texto foi publicado postumamente, em 1929, em edição preparada pelo filho do escritor, que a resgatou do espólio do pai. Analisemos alguns elementos temático-argumentativos e simbólicos deste texto tão curioso e, apesar de tudo, relativamente mal conhecido. O seu tema central é explícito: Fradique comenta aqui as acusações de que Eça de Queirós tinha sido recentemente alvo, por parte de Abel Botelho. Essas acusações referiam-se (aliás, sem grande ineditismo) ao estilo queirosiano e aos seus supostos vícios: a pobreza de vocabulário, a má construção sintáctica e o abuso dos galicismos. Trata-se uma questão que durante décadas ocupou leitores e críticos: aquilo a que o filho do escritor, procurando, sem grande brilho e nenhuma necessidade, defender as qualidades literárias do pai, designava, em 1929, “a irritante questão da língua”