Vivência Afetivo-Sexual: Duplo Padrão Sexual

No campo da sexualidade humana, são identificadas assimetrias quanto ao sexo, definindo-se papéis, permissões e proibições para os homens (disponibilidade para o coito) e para as mulheres (seletividade prévia ao coito), que têm a sua base fundamental na seleção sexual proposta por Darwin em 1871 (Birier, 2002). São estas imagens sociais distintas sobre o que é sexualmente desejável no masculino e no feminino, que consubstanciam o constructo do duplo padrão sexual, que é definido como a interdição para a mulher e a permissão para o homem, de envolvimentos pré-matrimoniais sexuais (Milhausen e Herold, 1999; Marques, 2011) e que no presente trabalho desejamos investigar. Sabe-se contudo que além do género, outros fatores, tais como a idade, são normativos quanto a atitudes e comportamentos sexualizados. A presente investigação abrangeu um grupo de jovens de idade compreendida entre os 14 e os 19 anos. A escala Double Standard Scale (DSS), utilizada no estudo descritivo de natureza quantitativa procurou identificar alguns comportamentos sexuais dos adolescentes e caracterizar as suas tendências quanto ao Duplo Padrão Sexual. Identificou-se um Duplo Padrão Sexual liberal, mais sublinhado nas raparigas, não influenciado pela idade ao considerar o total dos sujeitos mas no subgrupo das raparigas encontramos um Duplo Padrão Sexual mais tradicional à medida que progridem na idade. O estudo possibilitou aprofundar informações sobre o Duplo Padrão Sexual e espera-se contribuir para a reflexão acerca da vivência afetivo-sexual e da construção das conceções sobre o masculino e o feminino, os estereótipos que definem a perceção individual do enquadramento em categorias sociais de pertença sexual