Alguns efeitos territoriais das instituições de ensino superior: uma abordagem a partir do caso da Universidade de Évora

Ao longo das últimas décadas, o ensino superior em Portugal conheceu alterações profundas nas suas características. Este sistema de ensino que, no início dos anos 70, era elitista, concentrado em instituições públicas nas grandes cidades do país e de natureza apenas universitária, hoje é um sistema de massas, disperso por todo o país, com instituições públicas e privadas, de natureza universitária ou politécnica. Os efeitos territoriais, que as instituições de ensino superior provocam nos locais onde estão instaladas, sendo os mesmos em todas as cidades, diferem, no entanto, na sua intensidade. A presença de instituições de ensino superior em cidades de pequena e média dimensão é tanto mais relevante quanto menor for a dimensão da cidade e quanto menos diversificado for o seu tecido económico, social e institucional, ou seja, quanto maior for a importância relativa do estabelecimento de ensino superior na economia da localidade. Com base em dados económico-financeiros relativos ao funcionamento da Universidade de Évora, neste estudo iremos apresentar uma abordagem, dos efeitos económicos que este estabelecimento de ensino provoca na cidade em que se insere. Esta metodologia permite obter uma estimativa relativamente aos efeitos diretos da instituição quer no emprego, quer no rendimento do território envolvente, bem como dos respectivos multiplicadores keynesianos. Cálculos efectuados para os efeitos da Universidade de Évora, no concelho, apontam para a existência de efeitos multiplicadores, no produto e no rendimento, entre 1,2 e 1,3 unidades monetárias e cerca de 2200 empregos induzidos, decorrentes do funcionamento da instituição