As obras em formato de partitura do Manuscrito Musical 52 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e o tento seiscentista português para tecla

Entre os testemunhos mais importantes do tento seiscentista português para tecla contam-se as Flores de Música para o instrumento de tecla e harpa de Padre Manuel Rodrigues Coelho, colectânea publicada em Lisboa em 1620 e os manuscritos contendo peças para órgão da Biblioteca Pública de Braga (Ms. 964) e da Biblioteca Pública do Porto (Mss. 1607, 1576 e 1577), destacando-se, no caso desta última instituição, o Livro de obras de órgão (1695) de Frei Roque da Conceição. Alguns destes manuscritos musicais foram objecto de transcrição, estudo e edição por parte de uma série de musicólogos, entre os quais se contam Santiago Kastner, Gerhard Doderer e Klaus Speer. Existem também alguns testemunhos seiscentistas de escrita instrumental a quatro vozes, apresentada em formato de partitura (open-score), que deveríamos associar também ao teclado. Referimo-nos ao Manuscrito Musical 52 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra que inclui, na sua segunda parte, uma série de peças de autoria desconhecida que merecem a nossa atenção. Num artigo publicado em 1983 - New Sources for the Study of the Portuguese Seventeenth-Century Consort Music – Rui Vieira Nery, para além de sublinhar a importância dos modos concertados para conjunto instrumental (Consort) de Frei Teotónio da Cruz († 1653), identificou também a série de peças instrumentais apresentadas em formato de partitura, as quais ainda não foram transcritas, estudadas e editadas. Uma vez que essas peças deverão fazer parte do repertório para tecla, como o testemunham as transcrições que realizei, proponho-me na presente comunicação apresentá-las e discutir os seus traços formais e estilísticos, inserindo-as no âmbito do tento seiscentista português para tecla