Em termos de arquitectura narrativa, os primeiros romances de António Lobo Antunes (Memória de Elefante, Os Cus de Judas, Conhecimento do Inferno) pautam-se por uma justaposição constante de planos razoavelmente perceptível. Ou seja, a intersecção entre a realidade exterior e os diversos níveis de reminiscências (sobretudo memórias involuntárias) não se faz à custa de cortes fracturantes, que dificultariam a legibilidade do texto, antes através de suturas técnico-narrativas. O mesmo não sucede com os romances posteriores, onde predominam montagens desprovidas de demarcações nítidas. Deste modo, podemos dizer que a partir de Fado Alexandrino, romance cujo esquema narrativo abdica de um eixo-linear e aposta numa in-tersecção constante de múlt...