Distribuição espacial e características clínico-epidemiológicas de crianças internadas com leishmaniose visceral em hospital de referência do estado do Pará

Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Instituto Evandro Chagas. Ananindeua, PA, Brasil.A Leishmaniose Visceral (LV), é uma infecção sistêmica grave causada por um protozoário do gênero leishmania que afeta dois milhões de pessoas por ano no mundo. É considerada uma das sete endemias mundiais de prioridade absoluta dentro das Doenças Tropicais Negligenciadas. Nas Américas, o Brasil é o país de maior endemia, com 97% de todos os casos no continente e o Pará é um dos estados que contribui de modo significativo para a expansão da doença, com 1.266 casos notificados entre os anos de 2010 a 2013. Este estudo objetiva analisar as características espaciais, epidemiológicas, clínicas, laboratoriais e de tratamento de crianças com LV em hospital de referência do Estado do Pará. Estudo documental, retrospectivo-analítico, transversal, com abordagem quantitativa dos prontuários de crianças com LV internados no período de 01 de janeiro de 2012 a 31 de dezembro de 2016. Identificaram-se 96 prontuários elegíveis para pesquisa. A distribuição espacial foi heterogênea nas mesorregiões do estado do Pará, sendo que o Nordeste paraense apresentou maior número de casos (80,2%). A maioria (77,1%) era proveniente da zona rural. Predominaram casos novos (86,5%); a média de idade foi de 3,2±2,6 anos; 61,5% eram do sexo masculino; o tempo médio de doença foi de 71,5 dias; e 62,5% eram autóctones. Os sinais e sintomas apresentados foram: Febre (97,8%), astenia (78,8%), palidez (90,68%), esplenomegalia (95,5%) e hepatomegalia (94,4%). O critério laboratorial foi o mais utilizado para confirmação da doença, com destaque para a imunofluorescência indireta (91,1%). Tratamento com N-dimetil glucamina foi realizado em 89,3% das crianças, com evolução para cura em sua quase totalidade (92,7%). O sangramento (p=0,05), a falha no tratamento inicial (p<0,00) e o menor número na contagem de plaquetas (p=0,02) concorreram de modo significativo para o óbito. De modo inverso, o maior tempo de tratamento contribuiu positivamente para a cura (p