Experiência Profissionalizante na Vertente de Investigação e Farmácia Comunitária

O presente trabalho foi elaborado no âmbito da Unidade Curricular “Estágio”, do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas e contempla dois capítulos. O primeiro capítulo, intitulado “A intervenção do farmacêutico português em contexto de ajuda humanitária e/ou de cooperação para o desenvolvimento”, diz respeito ao trabalho de investigação cujo objetivo principal foi destacar a importância da presença e intervenção do farmacêutico em contexto humanitário. Para tal foram realizadas oito entrevistas semiestruturadas online, entre junho e agosto de 2022. Os dados recolhidos nas entrevistas foram analisados e, para além da caracterização da amostra e das missões realizadas pelos entrevistados, fez-se uma análise do impacto que a experiência profissional dos entrevistados teve nas missões que realizaram, dos desafios e dificuldades encontrados pelos farmacêuticos entrevistados durante as missões realizadas, uma descrição do papel do farmacêutico em contexto humanitário, das diferenças entre a intervenção do farmacêutico em contexto tradicional e em contexto de apoio humanitário, das razões para o pouco reconhecimento da atuação dos farmacêuticos neste contexto e quais as soluções a adotar para mitigar este problema e, por último, da formação do farmacêutico na área humanitária. O farmacêutico desempenha um papel crucial na resposta a crises humanitárias, tanto no planeamento como na execução da mesma, e também na preparação para crises que possam surgir. Além das tarefas logísticas tradicionalmente associadas aos farmacêuticos, a sua contribuição no terreno é muito mais abrangente, inclui aspetos clínicos, como a gestão de doenças crónicas, o aconselhamento da população e de outros profissionais de saúde, a gestão de doações e a capacitação das equipas de saúde locais, entre outras. No entanto, apesar da sua importância, muitas vezes, o reconhecimento desta contribuição é limitado, resultando em poucas oportunidades para os farmacêuticos integrarem as equipas de saúde multidisciplinares de resposta a crises humanitárias. Esta falta de reconhecimento deve-se, em grande parte, à escassa divulgação da intervenção dos farmacêuticos, tanto na esfera humanitária como na farmacêutica. Para superar este obstáculo, é fundamental que o farmacêutico, por si, explore novas áreas, nomeadamente as de cariz humanitário. Por outro lado, é igualmente essencial aumentar a oferta de formação específica nesta área para atrair os farmacêuticos para a mesma. Esta formação não só capacitaria os farmacêuticos para uma resposta mais eficaz, como também fortaleceria as equipas de saúde multidisciplinares onde estivesse incluído e, consequentemente, a capacidade de resposta global. O segundo capítulo diz respeito ao estágio curricular em Farmácia Comunitária, realizado na Farmácia Vale de Prazeres, no período de 7 de fevereiro a 17 de junho de 2022, sob a orientação da Dr.ª Maria João Carvalheira Rodrigues. Este capítulo apresenta uma descrição abrangente das experiências vividas, dos conhecimentos adquiridos e aplicados, bem como das atividades realizadas durante o desempenho das funções e responsabilidades inerentes a um farmacêutico comunitário. Esta incursão no mundo da farmácia comunitária não só ampliou a minha compreensão da prática farmacêutica, como também reforçou a importância crítica da farmácia como um pilar de apoio essencial à comunidade, sempre disponível para oferecer orientação e assistência em questões de saúde.The present work was developed within the scope of the “Internship” of the Integrated Master's in Pharmaceutical Sciences and includes two chapters. The first chapter, entitled “The involvement of portuguese pharmacists in the context of humanitarian aid and/or cooperation for development”, concerns the research work whose main objective was to highlight the importance of the pharmacist's presence and intervention in a humanitarian context. To this end, eight semi-structured online interviews were conducted between June and August 2022. The data collected from the interviews were analyzed, and in addition to characterizing the sample and the missions carried out by the interviewees, an analysis was made of the impact of the interviewees' professional experience on the missions they undertook, the challenges and difficulties encountered by the interviewed pharmacists during their missions, a description of the pharmacist's role in humanitarian contexts, the differences between the pharmacist's intervention in traditional and humanitarian support contexts, the reasons for the limited recognition of pharmacists' actions in these contexts and the solutions to mitigate this problem, and, lastly, the training of pharmacists in the humanitarian field. Pharmacists play a crucial role in responding to humanitarian crises, both in planning and execution, as well as in preparing for potential crises. In addition to the logistical tasks traditionally associated with pharmacists, their on-site contribution is much broader, encompassing clinical aspects such as managing chronic diseases, counseling the population and other healthcare professionals, managing donations and training and empowerment of the local healthcare teams, among others. However, despite their importance, the recognition of this contribution is often limited, resulting in few opportunities for pharmacists to integrate multidisciplinary healthcare teams responding to humanitarian crises. This lack of recognition is largely due to the limited visibility of pharmacists' involvement, both in the humanitarian and pharmaceutical spheres. To overcome this obstacle, it is essential for pharmacists to explore new areas, particularly those of a humanitarian nature. Additionally, it is equally important to increase the availability of specific training in this area to attract pharmacists to it. This training would not only empower pharmacists for a more effective response but also strengthen the multidisciplinary healthcare teams they are part of, thereby enhancing overall response capacity. The second chapter concerns the curricular internship in Community Pharmacy, carried out at Vale de Prazeres Pharmacy from February 7th to June 17th, 2022, under the guidance of Dr. Maria João Carvalheira Rodrigues. This chapter provides a comprehensive description of the experiences lived, the knowledge acquired and applied, as well as the activities carried out during the performance of the duties and responsibilities of a community pharmacist. This foray into the world of community pharmacy not only expanded my understanding of pharmaceutical practice but also reinforced the critical importance of pharmacy as an essential pillar of support to the community, always available to offer guidance and assistance in health-related matters