Descrição do estado nutricional, do consumo alimentar e da realização da alimentação escolar em escolares com diagnóstico de alergia e/ou intolerância alimentar no município de Florianópolis, SC.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Florianópolis, 2022.Introdução: A alimentação é um fator preponderante na promoção da saúde e na prevenção de doenças. Portanto, é fundamental maior atenção à alimentação das crianças com alergia e intolerância alimentar, uma vez que dietas restritivas podem influenciar no crescimento infantil e resultar em deficiências nutricionais. No Brasil, há limitação de evidências científicas que descrevem o estado nutricional, o consumo alimentar e realização da alimentação escolar desta população, tornando relevante pesquisas que contribuam com o aumento do acervo teórico para orientar esta população, bem como garantir o cumprimento da legislação no que se refere à alimentação escolar especial. Objetivo: descrever o estado nutricional, o consumo alimentar e a realização da alimentação escolar dos escolares com diagnósticos de alergia e/ou intolerância alimentar no município de Florianópolis, SC. Métodos: trata-se de estudo transversal realizado com escolares de 7 a 14 anos matriculados na rede de ensino público e privado do município de Florianópolis. Os dados socioeconômicos foram obtidos por meio do questionário enviado aos pais ou responsáveis, bem como as informações sobre a amamentação e a introdução da alimentação complementar. O estado nutricional (peso e estatura) foi aferido para cálculo do IMC e a classificação utilizou os pontos de corte propostos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O consumo alimentar do dia anterior e frequência da realização da alimentação escolar foram informados pelos escolares por meio da plataforma on-line WebCAAFE. Para os dados de diagnósticos de alergia e/ou intolerância alimentar, utilizou-se formulário eletrônico enviado aos pais ou responsáveis dos escolares. Para descrever as variáveis qualitativas, foi utilizado frequência absoluta e relativa. Os dados quantitativos foram descritos em média, mediana, desvio padrão e percentis 25 e 75. Para comparação das variáveis qualitativas foi utilizado o teste do Qui-Quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher. O teste de Mann-Whitney foi usado para comparação das variáveis quantitativas. Um valor de p< 0,05 foi usado para a tomada de decisão estatística. Resultados: 104 escolares participaram da pesquisa, sendo 84 sem diagnóstico e 20 com diagnóstico de alergia e/ou intolerância alimentar. Observou-se maior proporção de escolares com diagnóstico do sexo feminino. Foi relatado pelos pais que cerca de 71% dos escolares com diagnósticos que estudam na rede de ensino público não recebem a alimentação adaptada para a restrição alimentar. Menor proporção de escolares com diagnóstico receberam aleitamento materno quando comparado aos escolares sem diagnóstico. A introdução de água e chás na alimentação foi mais precoce entre os escolares com alergia, quando comparado aos sem diagnostico. Observou-se maior consumo diário de carne nos escolares com alergia alimentar, de cereal matinal e refrigerante entre os escolares com alergia e/ou intolerância alimentar. Conclusão: o presente estudo teve seus objetivos contemplados, podendo embasar futuras intervenções nesta população. Os dados sobre realização da alimentação escolar são preocupantes, diante da existência de regulamentação que busca o atendimento deste público em questão. Ressalta-se a necessidade do cumprimento da legislação no que se refere à elaboração de cardápio para escolares com necessidades especiais, bem como garantir o acesso à uma alimentação adequada.Abstract: Introduction: Food is a major factor in health promotion and disease prevention. Therefore, greater attention to the diet of children with food allergy and intolerance is essential, since restrictive diets can influence child growth and result in nutritional deficiencies. In Brazil, there is a limitation of scientific evidence that describes the nutritional status, food consumption and school feeding of this population, making it relevant to research that contributes to the increase of the theoretical collection to guide this population, as well as guarantee compliance with legislation in what concerns refers to special school meals. Objective: to describe the nutritional status, food consumption and school feeding of schoolchildren with diagnoses of food allergy and/or intolerance in the city of Florianópolis, SC. Methods: this is a cross-sectional study carried out with schoolchildren aged 7 to 14 years enrolled in public and private schools in the city of Florianópolis. Socioeconomic data were obtained through a questionnaire sent to parents or guardians, as well as information on breastfeeding and the introduction of complementary foods. Nutritional status (weight and height) was measured to calculate BMI and the classification used the cutoff points proposed by the World Health Organization (WHO). The food consumption of the previous day and frequency of school meals were reported by the students through the online platform WebCAAFE. For the data of allergy and/or food intolerance diagnoses, an electronic form sent to the parents or guardians of the students was used. To describe the qualitative variables, absolute and relative frequencies were used. Quantitative data were described as mean, median, standard deviation and 25th and 75th percentiles. Pearson's chi-square test or Fisher's exact test was used to compare qualitative variables. The Mann-Whitney test was used to compare quantitative variables. A value of p< 0.05 was used for statistical decision making. Results: 104 schoolchildren participated in the research, 84 of them without a diagnosis and 20 with a diagnosis of food allergy and/or intolerance. There was a higher proportion of schoolchildren diagnosed as female. It was reported by parents that about 71% of schoolchildren with diagnoses who study in the public education network do not receive food adapted to food restriction. A lower proportion of schoolchildren with a diagnosis were breastfed when compared to schoolchildren without a diagnosis. The introduction of water and teas in the diet was earlier among schoolchildren with allergies, when compared to those without a diagnosis. A higher daily consumption of meat was observed in schoolchildren with food allergies, breakfast cereal and soda among schoolchildren with food allergy and/or intolerance. Conclusion: the present study had its objectives contemplated, being able to base future interventions in this population. The data on school meals are worrying, given the existence of regulations that seek to serve this public in question. We emphasize the need to comply with legislation regarding the elaboration of a menu for students with special needs, as well as guaranteeing access to adequate food