Marcas coloniais em vivências educacionais de estudantes descendentes de russos e quilombolas do sul do Brasil

Orientador(a): Prof. Dr. Eduardo Henrique Diniz de FigueiredoTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Letras. Defesa : Curitiba, 30/05/2023Inclui referênciasÁrea de concentração: Estudos LinguísticosResumo: Esta tese teve como objetivo analisar e discutir as políticas educacionais situadas em um cenário em que alunos descendentes de russos, quilombolas e alunos da zona urbana interagem, com vistas a investigar como essas políticas representam os participantes da pesquisa e suas práticas situadas de linguagem. Considerando a linguagem como prática social (PENNYCOOK, 1994, 2010), as discussões apresentadas aqui procuram problematizar a complexidade linguística e cultural presente nas aulas presenciais/remotas com esse público e também como os participantes da pesquisa, a saber, estudantes de uma escola aqui denominada como Arco-Íris, interpretam tais práticas diante de suas realidades locais onde acontecem encontros entre línguas e culturas. Teoricamente, por acreditar que a reflexão crítica contribui para a compreensão e problematização das múltiplas práticas de linguagem dos alunos da escola Arco-Íris, toda a discussão foi pautada na Linguística Aplicada Crítica, com respaldo em Makoni; Pennycook (2007, 2020); Garcia (2009); Garcia; Wei (2007); Menezes de Souza (2019); Blommaert (2006, 2010) e nos estudos decoloniais (MIGNOLO, 2002; WALSH; MIGNOLO, 2019; SOUSA SANTOS, 2007). No que tange à metodologia, a etnografia foi adotada como epistemologia, na qual toda prática de pesquisa e conhecimento é social, político e histórico. Diante de todas as particularidades apresentadas nos cenários que serviram como campo investigativo de pesquisa, acredita-se que a etnografia como princípio metodológico permite registrar as ações situadas dos participantes e também possibilita estabelecer conexões entre a totalidade e o particular, entre as generalizações e as coisas muito específicas (FABIAN, 2006), visando sempre um processo investigativo reflexivo, aberto e colaborativo. Sendo assim, por meio dessa abordagem, buscou-se compreender e problematizar os encontros e desencontros dos alunos descendentes de russos e quilombolas que compartilham do tempo/espaço no contexto educacional da Escola Arco-íris. Tendo em vista que os interesses da etnografia são as pessoas e seus mundos (HYMES, 1996), este tipo de estudo tem interesse em descrever e interpretar significados culturais de determinado grupo. Os resultados apontam para a assimilação e essencialização das práticas de linguagem e culturais dos alunos descendentes de russo e quilombolas, que são inventados como monolíngues e monoculturais. Logo, as políticas linguísticas do estado são usadas como ferramentas para tal processo de universalizaçãoAbstract: This thesis aimed to analyze and discuss educational policies situated in a scenario where students of Russian descent, quilombolas, and urban zone students interact, in order to investigate how these policies represent the research participants and their situated language practices. Considering language as a social practice (PENNYCOOK, 1994, 2010), the discussions presented here seek to problematize the linguistic and cultural complexity present in face-to-face/remote classes with this public and also how the research participants (students from a school here referred to as Rainbow) interpret such practices in face of their local realities, where encounters between languages and cultures occur. Theoretically, because critical reflection contributes to the understanding and problematization of the multiple language practices of Rainbow School students, the discussion was based on Critical Applied Linguistics, mainly Makoni; Pennycook (2007, 2020); Garcia (2009); Garcia; Wei (2007); Menezes de Souza (2019); Blommaert (2006, 2010), and decolonial studies (MIGNOLO, 2002; WALSH; MIGNOLO, 2019; SOUSA SANTOS, 2007). Regarding methodology, ethnography was adopted as epistemology, in which all research and knowledge practices are social, political, and historical. Given all the particularities presented in the scenarios that served as the investigative research field, it is believed that ethnography as a methodological principle allows for recording the situated actions of the participants and also enables establishing connections between the totality and the particular, between generalizations and very specific things (FABIAN, 2006), always aiming for a reflexive, open, and collaborative investigative process. Thus, through this approach, we sought to understand and problematize the encounters and mismatches of students of Russian descent and quilombolas who share time/space in the educational context of Rainbow School. Considering that the interests of ethnography are people and their worlds (HYMES, 1996), and therefore this type of study is interested in describing and interpreting cultural meanings of a certain group, the results point to the assimilation and essentialization of language and cultural practices of students of Russian descent and quilombolas, who are invented as monolingual and monocultural. Hence, state language policies are used as tools for this universalization proces