Caracterização mineralógica e geoquímica de rejeitos de mineração de ouro e seus potenciais de geração de drenagem ácida (Minas Gerais, Brasil)

Por mais de 30 anos, os minérios de ouro sulfetados foram tratados em plantas metalúrgicas localizadas em Nova Lima, Minas Gerais, Brasil, e acumulados nas barragens de rejeitos de Cocoruto e Calcinados. Ambos os rejeitos de flotação e lixiviação de um circuito desativado, bem como rejeitos calcinados e lixiviados de uma planta em produção, foram estudados quanto ao seu potencial de drenagem ácida de mina e mobilidade dos elementos químicos. A caracterização detalhada de ambos os tipos de rejeitos indicam a presença de material de granulometria fina que hospeda quantidades substanciais de sulfetos que exibem características geoquímicas e mineralógicas distintas. As amostras da planta em produção mostram altos teores de Fe na forma de óxidos, cianeto e sulfatos. Diferentemente, as amostras do circuito antigo apresentam maiores concentrações médias de Al (0,88%), Ca (2,4%), Mg (0,96%) e Mn (0,17%), presentes como silicatos e carbonatos. Essas amostras também mostram relíquias de sulfetos preservados, como pirita e pirrotita. As concentrações de Zn, Cu, Au e As são maiores nos rejeitos do circuito atual, enquanto Cr e Hg se destacam nos rejeitos do circuito desativado. Embora os resultados obtidos mostrem que os resíduos de sulfeto não tendem a gerar drenagem ácida, os testes de lixiviação indicam a possibilidade de mobilização de elementos tóxicos, como As e Mn no circuito antigo, e Sb, As, Fe, Ni no rejeito da planta em processamento. Este trabalho destaca a necessidade de manejo e controle adequados de barragens de rejeito, mesmo em ambientes de drenagem alcalina como o das barragens de Cocoruto e Calcinados. Além disso, um forte conhecimento da dinâmica dos rejeitos em termos de geoquímica e mineralogia seria fundamental para apoiar decisões de longo prazo sobre o gerenciamento e disposição de resíduos