As dinâmicas de segurança na Ásia Central: a relação entre a Organização de Cooperação de Xangai e a Organização do Tratado de Segurança Coletiva

Projeto de dissertação de mestrado em Relações InternacionaisNos últimos anos, as descobertas de reservas energéticas, bem como os desenvolvimentos ao nível da segurança na Ásia Central, resultaram num ‘Novo Grande Jogo’ na região disputado por diversos atores. A presente dissertação visa explorar as dinâmicas de segurança na Ásia Central, com foco na presença chinesa e russa na região. Para o efeito, optamos por dedicar o nosso estudo à Organização de Cooperação de Xangai (OCX), bem como à Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC). Do mesmo modo, procurámos analisar os contornos da relação entre a China e a Rússia e a sua importância para a segurança das repúblicas centro-asiáticas, sobretudo no âmbito da Faixa e Rota Chinesa (FRC) e da União Económica Eurasiática (UEE). Neste sentido, consideramos que a análise da relação entre os países centro-asiáticos com Pequim e Moscovo, bem como a própria relação sino russa, é melhor percebida através de uma via média entre a anarquia (defendida pelo realismo e pelo neorrealismo) e o pacifismo e moral (prescritos pelo liberalismo). Assim, a Agency na sua perspetiva construtivista, permite-nos analisar as dinâmicas de segurança na Ásia Central, pautadas por momentos quer de cooperação, quer de competição. Dito isto, propomo-nos responder à seguinte pergunta de investigação: De que forma evoluíram as dinâmicas de segurança na Ásia Central, de 2001 a 2022, à luz da relação entre a Organização de Cooperação de Xangai e a Organização do Tratado de Segurança Coletiva? Optamos por delimitar temporalmente o nosso estudo entre setembro de 2001 e setembro de 2022, na medida em que estas datas correspondem, respetivamente, aos atentados terroristas nos Estados Unidos da América (EUA) e aos confrontos fronteiriços na Ásia Central. No que concerne à estrutura, começamos por realçar a importância geoestratégica da Ásia Central, através da sua caraterização e delimitação, quer concetual, quer espacialmente. Posteriormente, no segundo capítulo, examinamos a FRC e a UUE enquanto projetos de integração regional da China e da Rússia, respetivamente. Por fim, no terceiro capítulo, avaliamos as dinâmicas de segurança da Ásia Central, no pós-11 de setembro, enfatizando, para o efeito, o papel, interdependência, desafios e desconfiança da OCX e da OTSC, bem como o impacto do fator EUA nas ditas dinâmicas.In recent years, the discoveries of energy reserves, as well as security developments in Central Asia, have resulted in a New Great Game in the region played by several actors. This dissertation aims to explore the security dynamics in Central Asia, focusing on the Chinese and Russian presence in the region. To this end, we chose to devote our study to the Shanghai Cooperation Organisation (SCO) as well as the Collective Security Treaty Organisation (CSTO). Likewise, we sought to analyse the contours of the relationship between China and Russia and its importance for the security of the Central Asian Republics, especially in the framework of the Chinese Belt and Road (BRI) and the Eurasian Economic Union (EEU). In this sense, we consider that the analysis of the Central Asian countries' relationship with Beijing and Moscow, as well as the Sino-Russian relationship itself, is best perceived through a middle approach between anarchy (advocated by realism and neorealism) and pacifism and ethics (prescribed by liberalism). Thus, the Agency in its constructivist perspective allows us to analyse the security dynamics in Central Asia, characterised by moments of both cooperation and competition. Having said this, we propose to answer the following research question: How have the security dynamics in Central Asia evolved, from 2001 to 2022, in the light of the relation between the Shanghai Cooperation Organisation and the Collective Security Treaty Organisation? We chose to temporally frame our study between September 2001 and September 2022, as these dates correspond, respectively, to the terrorist attacks in the United States (US) and the border clashes in Central Asia. As regards the structure, we begin by highlighting the geostrategic importance of Central Asia, through its characterisation and delimitation, both conceptually and spatially. Later, in the second chapter, we examine the BRI and the EEU as regional integration projects of China and Russia, respectively. Finally, in the third chapter, we assess the post-9/11 security dynamics of Central Asia, by emphasising the role, interdependence, challenges and mistrust between the SCO and CSTO, as well as the impact of the US factor on those dynamics