O título deste ensaio, como todo título, é uma carta de rumos. Começando pelo seu miolo, entendo o contemporâneo numa acepção particular como aquilo que desafia a compreensão, daí a escolha deste recorte cronológico em minhas pesquisas nos últimos anos. Sei, no entanto, que Bernardim Ribeiro e Camões são, em certo sentido, infinitamente contemporâneos. Na produção literária atual julgo encontrar algo que nos diz respeito mais de perto, na suposição de que lemos um texto produzido por um dos nossos contemporâneos. O tempo compartilhado é uma primeira aliança que fazemoscom a obra, não somente porque pressupomos alguma identificação mais íntima, mas porque estamos estupefactos diante da nossa época a pedir respostas. Ainda que a matéria diegé...