INFECÇÃO DE PARTES MOLES POR CEDECEA SPP 3

Cedecea é um gênero de bacilos gram-negativos, raramente isolado, da família Enterobacteriaceae. São patógenos oportunistas, catalase positivo, não encapsulados, descobertos em 1977. Apenas em 2006 foi publicada a sua primeira infecção em humanos, uma peritonite causada pela espécie Cedecea lapagei. O gênero conta com 6 espécies, destas, 3 cepas tem relatos documentando repercussão clínica: Cedecea davisae, lapagei e neteri. Dentre os poucos casos descritos na literatura médica, as infecções agudas mais comumente relatadas foram pneumonia, bacteremia, peritonite e úlcera. As mais raramente descritas, são infecção de tecidos moles, abscessos e infecção do trato urinário. WFS, 46 anos, feminino, sem comorbidades, vítima de trauma com atropelamento por automóvel, apresenta fratura exposta em tornozelo direito. Na admissão hospitalar foi realizada fixação percutânea e fixação externa do tornozelo direito, evoluiu com sinais de flogose e presença de secreção purulenta no local do fixador. No décimo dia de internação foi submetida a desbridamento cirúrgico, coletado cultura da secreção e iniciado empiricamente gentamicina associada a clindamicina. Nesta cultura houve isolamento da enterobactéria Cedecea sp 3 sensível a gentamicina e ciprofloxacina. Foi realizado troca de clindamicina por ciprofloxacino. No oitavo dia após o desbridamento foi necessário reabordagem para retirada de tecido desvitalizado. Com a evolução favorável do quadro não foi realizado nova cultura. Mantido antibioticoterapia por 15 dias, realizou osteossíntese da fratura de tornozelo direito, recebendo alta hospitalar, sem demais intercorrências clínicas ou cirúrgicas. O manejo de infecções causadas por um patógeno raro é desafiador, uma vez que o perfil de susceptibilidade antimicrobiana, as características de virulência e resistência antimicrobiana são pouco descritas. A infecção por este microorganismo pode emergir, sendo assim este relato é de grande relevância para demonstrar a evolução clínica, informações de antibioticoterapia e a resposta ao tratamento