Análise comparativa das taxas de sucesso clínico e radiográfico entre a enxertia de osso autólogo de crista ilíaca e enxerto ósseo bovino liofilizado em fraturas do planalto tibial

Contexto: As fraturas do planalto tibial frequentemente requerem tratamento cirúrgico para sua redução, fixação interna e preenchimento de defeitos metafisários com enxertia óssea. No entanto, o desempenho clínico dos substitutos ósseos disponíveis, em comparação com o enxerto ósseo autólogo, padrão-ouro na reconstrução de defeitos ósseos, ainda permanece em debate. Este estudo compara as diferenças na avaliação funcional de sintomas do joelho e nos resultados radiográficos do tratamento de defeitos ósseos associados à fratura do planalto tibial com enxerto ósseo autólogo ou com enxerto bovino liofilizado Orthogen® (Baumer S/A, São Paulo, Brasil). Objetivo: O objetivo deste estudo é comparar os resultados clínicos e radiográficos em relação ao uso de enxertos autógenos retirados de crista ilíaca e os enxertos bovinos liofilizados em casos que foram submetidos a procedimento de reconstrução, enxertia óssea metafisária e fixação cirúrgica devido à fratura do planalto tibial. Metodologia: Foram avaliados retrospectivamente 22 pacientes (12 homens e 10 mulheres) que realizaram cirurgia para correção de fratura do planalto tibial com necessidade de enxertia óssea metafisária, entre os anos de 2012 e 2020, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Em nove pacientes foi utilizado enxerto autólogo de crista ilíaca do próprio paciente, enquanto nos outros treze pacientes, foi utilizado o Orthogen®. Em ambos os grupos, foi aplicado o questionário de Lysholm para avaliação clínica dos sintomas em joelho. As avaliações radiográficas foram realizadas para verificar as taxas de consolidação óssea e osteointegração do enxerto, e determinar se as reduções das fraturas, de acordo com os critérios do escore de Rasmussen, foram capazes de se sustentar durante o seguimento pós-operatório. Foi utilizada a Escala Visual Analógica (EVA) para avaliar a dor pós-operatória no local da retirada do enxerto ósseo de crista ilíaca. Resultados: Idade, sexo, métodos de fixação e padrão de fratura foram comparáveis em ambos os grupos. Não houve diferença estatisticamente significativa em relação à avaliação clínica dos pacientes, de acordo com Questionário de Lysholm, na comparação entre os grupos (p = 0,872). As taxas de consolidação óssea (p = 0,99) e osteointegração do enxerto (p = 0,494) foram semelhantes. A avaliação radiográfica comparativa, durante o seguimento pós-operatório, demonstrou não haver diferença estatisticamente significativa em relação à depressão articular (p = 0,794), alargamento do planalto tibial (p = 0,695) e angulação da interlinha articular (p = 0,794). Conclusão: O enxerto bovino liofilizado Orthogen® demonstrou não ser inferior ao enxerto ósseo autólogo de crista ilíaca na reconstrução metafisária das fraturas do planalto tibial, mostrando-se ser uma opção segura e confiável no preenchimento de vazios ósseos metafisários nesses casos.Background: Tibial plateau fractures often require surgical treatment for reduction, internal fixation, and filling of metaphyseal defects with bone grafting. However, the clinical performance of available bone substitutes, compared to autologous bone graft, the gold standard for bone defect reconstruction, remains a subject of debate. This study compares the differences in functional evaluation of knee symptoms and radiographic outcomes in the treatment of bone defects associated with tibial plateau fractures using either autologous bone graft or freeze-dried bovine bone graft Orthogen® (Baumer S/A, São Paulo, Brazil). Objective: The objective of this study is to compare clinical and radiographic outcomes regarding the use of autogenous grafts harvested from the iliac crest and freeze-dried bovine bone graft Orthogen® in cases that underwent reconstruction procedures, metaphyseal bone grafting, and surgical fixation due to tibial plateau fracture. Methods: This study retrospectively evaluated 22 patients (12 men and 10 women) who underwent surgery for tibial plateau fracture reduction and metaphyseal bone grafting between 2012 and 2020 at Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Autologous iliac crest graft was used in nine patients, while Orthogen® was used in the other thirteen patients. In both groups, the Lysholm questionnaire was applied to assess clinical knee symptoms. Radiographic evaluations were conducted to verify bone consolidation and graft osseointegration rates and to determine if fracture reductions, according to Rasmussen score criteria, were able to sustain during the postoperative follow-up. The Visual Analog Scale (VAS) was used to assess postoperative pain at the site of iliac crest bone graft harvest. Results: Age, sex, fixation methods, and fracture patterns were comparable in both groups. There was no statistically significant difference in clinical evaluation of patients according to the Lysholm questionnaire when comparing the groups (p = 0.872). Bone consolidation rates (p = 0.99) and graft osseointegration (p = 0.494) were similar. Comparative radiographic evaluation during the postoperative follow-up showed no statistically significant difference regarding joint depression (p = 0.794), tibial plateau widening (p = 0.695), and joint line angulation (p = 0.794). Conclusion: Freeze-dried bovine bone graft Orthogen® proved to be non-inferior to autologous iliac crest bone graft in metaphyseal reconstruction of tibial plateau fractures, demonstrating to be a safe and reliable option for filling metaphyseal bone voids in these cases