Sexualidade na doença de Parkinson

A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum em todo o mundo. Embora a sua clínica clássica envolva sintomas como bradicinesia associada a tremor em repouso, rigidez e instabilidade postural, a doença de Parkinson é também reconhecida pelos seus sintomas não motores e neuropsiquiátricos. Estes podem surgir anos antes dos sintomas motores já referidos, e que podem ter um grande impacto negativo sobre a qualidade de vida dos doentes. Um dos sintomas não motores mais comuns na doença de Parkinson é a disfunção sexual, um problema que é frequentemente subdiagnosticado e pouco abordado pelos profissionais de saúde. Distúrbios neurológicos, vasculares e psicológicos, envelhecimento e défice hormonal podem contribuir para a disfunção sexual na doença de Parkinson, tornando a sua etiologia multifatorial. Esta disfunção engloba a diminuição de líbido e desejo sexual, dificuldades em atingir o orgasmo, falta de satisfação sexual e disfunção erétil. Toda esta clínica é comum nestes doentes e prejudica a sua saúde sexual e bem-estar, bem como a dinâmica emocional e sexual de um casal. É extremamente importante que se consciencialize os profissionais de saúde para esta problemática, e que os doentes discutam as suas dificuldades e preocupações sexuais com a equipa que os acompanha. O objetivo passa por uma melhor identificação deste problema, assim como a diminuição do impacto desses sintomas principalmente na sua qualidade de vida. Para tal, é necessária uma abordagem interdisciplinar onde se discutam em conjunto eventuais tratamentos ou estratégias não farmacológicas.Parkinson's disease is the second most common neurodegenerative disease worldwide. Although its classic clinic involves symptoms such as bradykinesia associated with resting tremor, rigidity and postural instability, Parkinson's disease is also recognized for its non-motor and neuropsychiatric symptoms. These can appear years before the motor symptoms already mentioned, which can negatively impact patients' quality of life. One of the most common non-motor symptoms of Parkinson's disease is sexual dysfunction, a problem that is often underdiagnosed and under-addressed by health professionals. Neurological, vascular and psychological disorders, aging and hormonal deficit may contribute to sexual dysfunction in Parkinson's disease, making its etiology multifactorial. This dysfunction encompasses decreased libido and sexual desire, difficulties in achieving orgasm, lack of sexual satisfaction and erectile dysfunction. This entire clinic is common in these patients and harms their sexual health and well-being, as well as the emotional and sexual dynamics of a couple. It is extremely important that health professionals are made aware of this problem, and that patients discuss their sexual difficulties and concerns with the team that accompanies them. The objective is to better identify this problem and reduce the impact of these symptoms, mainly on their quality of life. To this end, an interdisciplinary approach is needed where possible treatments or non-pharmacological strategies are discussed together