Tecnologias educativas: um contributo para a inclusão dos alunos?

As instituições educativas portuguesas dos mais variados ciclos de estudos parecem estar, de um modo geral, equipadas com infraestruturas tecnológicas como é, por exemplo, o caso da internet, hardware e software que possibilitam que todos os agentes educativos concretizem o seu trabalho nas mais variadas dimensões da vida escolar. No entanto, com suporte na experiência tida pelos autores e na literatura na área percebe-se facilmente que existem diferentes dificuldades na utilização das tecnologias por parte dos alunos, o que parece comprometer a inclusão destes, essencialmente, aqueles que são mais desfavorecidos. O estudo, de natureza qualitativa e suportado pela metodologia de estudo de caso com inquérito por questionário e entrevista, decorreu numa instituição educativa na zona norte do país. Esta escola faz parte de uma instituição particular de solidariedade social (IPSS), sem fins lucrativos e oferece cursos profissionais na área da saúde, qualificando os alunos para o exercício profissional e para o prosseguimento de estudos. A opção por esta instituição educativa tem que ver com o facto desta se apresentar como uma instituição inclusiva e com uma realidade social muito particular. A pesquisa de campo desenvolvida permitiu identificar um conjunto de dificuldades sentidas pelos alunos na utilização das diferentes tecnologias digitais adotadas pela escola. Os resultados evidenciam que os alunos tiveram contacto com diversas ferramentas, especialmente, do pacote do Microsoft Office 365 como, por exemplo, o Outlook, Word, Power Point, Excel, OneDrive, SharePoint, Sway, Forms, OneNote, Teams, Yammer e o Calendar. Este contacto decorreu com maior impacto a partir do início da pandemia covid-19, designadamente, no período do ensino online. Durante este período, os alunos demonstraram ter um conjunto de dificuldades na utilização das tecnologias que, de um modo geral, parecem ter condicionado a sua aprendizagem, mas também o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e o próprio desenvolvimento individual. São elas: (i) Desconhecimento das ferramentas adotadas pela escola para a concretização do processo de ensinoaprendizagem online; (ii) Ausência de formação nas diferentes tecnologias que serviram de mediação ou suporte às aprendizagens; (iii) Apoio técnico e suporte limitado ao nível da utilização das tecnologias; (iv) Dificuldade no acesso à internet (seja de casa, seja de dados móveis); (v) Falta de acesso a computadores e outros equipamentos que permitam um maior contacto com as diferentes tecnologias; (vi) (Auto)motivação na utilização das tecnologias digitais; (vii) Gestão do tempo em utilizar as tecnologias e em gerir as aprendizagens através das mesmas; (viii) Dificuldade na comunicação em formato online; (ix) Maior cansaço ao nível psicológico, mas também de visão. Embora existam outros obstáculos, estes parecem ter sido os mais vincados pelos diferentes alunos, especialmente, aqueles que, por diferentes motivos, tiveram enormes dificuldades no acesso ao ensino online, o que condicionou o processo de ensino-aprendizagem. Parece-nos, portanto, que quanto maior for a ausência de contacto com as tecnologias digitais, maior será a dificuldade em incluir todos os alunos nas aprendizagens e, por consequência, na escola atual!