DES-TECER O ESTADO COLONIAL

EEste trabalho tem como objetivo refletir acerca de como a mudança do antigo Estado Uninacional para o atual Estado Plurinacional, na Bolívia, corrobora as práticas descoloniais que os corpos bolivianos vêm praticando ao longo dos séculos. A metodologia utilizada para o desenvolvimento desta pesquisa é de caráter eminentemente bibliográfico, justificando-se na constatação sobre como o termo Plurinacionalidade, dentro de nosso lócus, América do Sul, é pautado no reconhecimento de nossa realidade fronteiriça em que nacionalidades indígenas, negras, mestiças e brancas existem e convivem. Assim, ainda que isso não seja oficialmente reconhecido, praticamente todos os países da América do Sul são plurinacionais. Como resultados, observamos que a ideia de nação, como conceito do Estado colonial moderno, ou seja, do Estado uninacional, é invertida e passa a ser entendida, a partir de alterações em sua estrutura e nos moldes de desenvolvimento, com base em epistemologias advindas dos ancestrais indígenas. O Estado reivindicado por indígenas e/ou afrodescendentes é um horizonte que preza a pluriversalidade ante um abstrato universal empregado. A partir de teorizações que des-tecem os resquícios coloniais dentro do antigo Estado Colonial presente na Bolívia e re-tecem garantias e leis estabelecidas pela Constituição do Estado Plurinacional, buscamos refletir sobre como essa mudança alterou a estrutura étnica racial e o convívio dos corpos em meio às diferenças sem ignorá-las, rastreando suas consequências. Para tal, nos valemos de teorizações advindas de teóricos como Walter Mignolo (2015), Silvia Rivera Cusicanqui (1993) Catharine Walsh (2019), dentre outros