Trajetórias de professores de sociologia e as dinâmicas da comunidade disciplinar de Sociologia do Estado do Rio de Janeiro

O objetivo principal da pesquisa consiste em investigar as relações entre a comunidade disciplinar de Sociologia e as trajetórias de professores do Ensino Médio da disciplina. Como os professores, na sua história profissional, constroem a Sociologia na escola? Será possível relacionar os relatos dos professores entrevistados com a construção social da disciplina? Sendo assim, promovemos um debate entre os conceitos de comunidade disciplinar e construção social do currículo a partir de autores como Lopes (2016; 2005, 2006), Sacristán (2000), Ball (1998, 2015; 1993), Ranger e Hobsbawn (1997) e Goodson (1992, 1997, 2001, 2012), para ajustar nossa olhar para as dinâmicas da comunidade disciplinar. Desta forma, a partir de entrevistas semiestruturadas de três professoras do Estado do Rio de Janeiro buscamos realizar um encontro das histórias dos grupos disciplinares com a trajetória profissional das entrevistadas. A análise permitiu observar a relação das docentes com a comunidade disciplinar a partir de três perspectivas: da disputa por recursos, status e territórios; da invenção de tradições; e da construção de uma retórica em defesa da disciplina. De acordo com as entrevistas, as professoras mobilizaram os discursos desenvolvidos pela comunidade disciplinar em políticas públicas de educação para inventar tradições e fortalecer os argumentos que favorecem a presença da disciplina na escola básica. Além disso, as narrativas sugerem que as disputas por recursos, status e território se intensificam a partir da promulgação da Lei 11.684/2008, o que resulta num processo de luta dos professores pela consolidação da carga horária semanal da disciplina. Os resultados obtidos a partir das entrevistas indicam um fortalecimento da comunidade disciplinar com a conquista de espaços nas políticas educacionais, os quais estabelecem redes e subsidiam as práticas dos docentes de SociologiaThe central objective of the research is to investigate the relations between the Sociology disciplinary community and the High School teachers trajectories of the discipline. How do teachers, in their professional history, build Sociology in school? Is it possible to relate the reports of the interviewed teachers to the social construction of the discipline? Thus, we promote a debate between the disciplinary community concepts and social construction of the curriculum from authors such as Lopes (2016, 2005, 2006), Sacristán (2000), Ball (1998, 2015, 1993), Ranger and Hobsbawn (1997) and Goodson (1992, 1997, 2001, 2012), to adjust our gaze to the dynamics of the disciplinary community. In this way, based on semi-structured interviews of three teachers from the State of Rio de Janeiro, we sought to meet the disciplinary groups’ histories with the interviewees’ professional trajectory. The analysis allowed observing the relationship between teachers and the disciplinary community from three perspectives: the dispute over resources, status and territories; of the invention of traditions; and the rhetoric construction in discipline defense. According to the interviews, the teachers mobilized the discourses developed by the disciplinary community in education public policies to invent traditions and to strengthen the arguments that favor the discipline presence in the basic school. In addition, the narratives suggest that disputes over resources, status and territory intensify as of the enactment of Law 11684/2008, which results in a process of teachers' struggle to consolidate the discipline weekly workload. The results obtained from the interviews indicate a strengthening of the disciplinary community with the conquest of spaces in educational policies, which establish networks and subsidize the practices of Sociology teachers94 f