As instituições brasileiras e a construção da memória: os casos da Biblioteca Nacional, do Arquivo Nacional e da Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

O objetivo do presente trabalho é investigar a relação das instituições brasileiras de memória gestadas no século XIX com a construção da memória, observando os casos da Biblioteca Nacional, do Arquivo Nacional e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro fundados, respectivamente, em outubro de 1810, janeiro de 1838 e outubro de 1838. A pesquisa partiu do questionamento acerca da participação das referidas agências no projeto de construção nacional e consolidação do Império no Oitocentos brasileiro. A metodologia adotada seguiu uma pesquisa bibliográfica com fontes bibliográficas primárias, como teses, dissertações, artigos e livros publicados e fontes bibliográficas secundárias, como bases de dados; e uma pesquisa documental sobre os documentos originais das supracitadas agências de documentação e memória publicados e divulgados através de veículos de divulgação das próprias instituições. Pelo caráter interdisciplinar da abordagem proposta, o trabalho plasmou-se na literatura das áreas de Biblioteconomia, de Arquivologia e de História, refletindo sobre os conceitos de “memória social”, “instituição de memória”, “memória nacional” e “memória institucional”. Os resultados revelaram diferentes níveis e papéis desempenhados por cada instituição na construção nacional: coube à Biblioteca a custódia do tesouro real, posteriormente, memória bibliográfica da nação; ao Arquivo a função depositário legal dos instrumentos administrativos legitimadores da ação do Estado; e ao Instituto Histórico e Geográfico a produção discursiva e intelectual do passado e da realidade geográfica do país.The aim of the present work is to investigate the relationship of Brazilian memory institutions in the nineteenth century with the construction of memory, observing the cases of the National Library, the National Archive and the Brazilian Historical and Geographical Institute, respectively, founded in October 1810, January 1838 and October 1838. The research started from the questioning about the participation of the aforementioned agencies in the project of national construction and consolidation of the Empire in the eighteenth century. The methodology adopted followed a bibliographical research with primary bibliographic sources, such as theses, dissertations, published articles and books and secondary bibliographic sources, such as databases; and a documentary research on the original documents of the aforementioned documentation and memory agencies published and disseminated through vehicles of disclosure of the own institutions. Due to the interdisciplinary character of the proposed approach, the work was modeled on the literature of Library, Archives and History, reflecting on the concepts of "social memory", "memory institution", "national memory" . The results revealed different levels and roles played by each institution in the national construction: the Library was the custody of the royal treasury, later the bibliographical memory of the nation; to the Archive the legal depository function of the administrative instruments legitimating the action of the State; and to the Historical and Geographical Institute the discursive and intellectual production of the past and the geographic reality of the country