Estratégias de marketing da indústria de alimentos infantis dirigido a profissionais de saúde que atuam em maternidades

Introdução: O marketing de alimentos infantis e produtos de puericultura correlatos é regulado no Brasil desde 1988 visando a proteção do aleitamento materno. A Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL) veda o patrocínio de fabricantes desses produtos a pessoas físicas, sendo o mesmo permitido apenas a entidades científicas de ensino e pesquisa ou a entidades associativas reconhecidas nacionalmente. Objetivo: Avaliar o marketing da indústria de alimentos infantis e produtos de puericultura correlatos dirigido a profissionais de saúde que atuam em hospitais com leitos obstétricos. Métodos: Essa investigação é parte do “Estudo multicêntrico de avaliação do cumprimento da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras” (Multi-NBCAL). Um inquérito foi conduzido entre novembro de 2018 e novembro de 2019, em maternidades de seis cidades (Rio de Janeiro, São Paulo, Ouro Preto, Florianópolis, João Pessoa e Brasília) mediante entrevista a cerca de10 profissionais de saúde (direção, pediatras, nutricionistas e fonoaudiólogos) por hospital. Foi utilizado questionário eletrônico instalado no aplicativo Magpi, elaborado a partir de questões do NetCode (Network for Global Monitoring and Support for Implementation of the International Code of Marketing of Breastmilk Substitutes and subsequent relevant World Health Assembly Resolutions). A análide dos resultados foi descritiva. Resultados: Participaram da pesquisa 26 hospitais, sendo entrevistados 217 profissionais de saúde, em sua maioria pediatras (48,8%) que atuavam em UTI neonatal e alojamento conjunto. Dos profissionais entrevistados, apenas 23,0% afirmaram conhecer a NBCAL, e 30,0% tinham feito curso ou tiveram aula sobre o tema. Dentre os profissionais de saúde que participaram de congressos e eventos científicos nos últimos 2 anos, 54,3% relataramobservar patrocínio de indústrias de alimentos infantis nestes locais.Foram oferecidos aos profissionais,materiais de escritório (49,5%), refeições no local (29,9%), além de outras irregularidades. Nestlé e Danone foram as principais empresas de alimentos infantis patrocinadoras de congressos científicos. Conclusão: As indústrias de alimentos infantis assediam os profissionais de saúde oferecendo patrocínio e presentes em desacordo com a NBCAL, em congressos científicos, visando expandir a demanda por seus produtosIntroduction: The marketing of infant foods and related childcare products is regulated in Brazil since 1988, aiming to protect breastfeeding. The Brazilian Code for the Marketing of Infant and Toddlers Food, Nipples, Pacifiers and Baby Bottles (NBCAL) prohibits the sponsorship of manufacturers of these products to individuals, the same being allowed only to scientific teaching and research entities or associative entities nationally recognized. Objective: To evaluate the marketing of the infant food industry and related childcare products aimed at health professionals working in hospitals with obstetric beds. Methods: This investigation is part of the “Multicenter Study of Assessment of Compliance with the Brazilian Code for the Marketing of Infant and Toddlers Food, Nipples, Pacifiers and Baby Bottles” (Multi- NBCAL). A survey was conducted as between November 2018 and November 2019, in maternity hospitals from six cities (Rio de Janeiro, São Paulo, Ouro Preto,Florianópolis, João Pessoa and Brasília) by means of interviewing 10 health professionals (amongst the administrator, pediatricians, nutritionists and speech therapists) per hospital. An electronic questionnaire installed on the Magpi application, based on questions from the NetCode (Network for Global Monitoring and Support for Implementation of the International Code of Marketing of Breast milk Substitutes and subsequent relevant World Health Assembly Resolutions) was applied. Descriptive analysis was conducted. Results: 26 hospitals participated in the research, 217 health professionals being interviewed, mostly pediatricians (48.8%), who worked in the neonatal unit and in rooming-in wards. 23,0 % of the interviewed professionals claimed being familiar to NBCAL, but only 30,0% attended a course or had a class on the topic.Among health professionals who participated in scientific congresses and events in the last 2 years, 54.3% reported observing sponsorship of baby food industries in these locations. Professionals were offered office supplies (49.5%), on-site meals (29.9%), in addition to other irregularitiesConclusion: The infant food industries harass health professionals by offering sponsorship and gifts in disagreement with NBCAL, in scientific congresses, aiming to expand the demand for their products95 f