Reflexões sobre a escola noturna de ensino médio: tempos, espaços e interações sociais

Esta pesquisa qualitativa se debruça sobre a escola noturna de ensino médio, tendo como ponto de partida a experiência como residente em uma escola de São Gonçalo-RJ durante o ano de 2019. Tentando compreender o espaço-tempo escolar daquele turno, marcado principalmente pela aceleração, as observações foram complementadas com a coleta de dados de discursos, muitos informalmente apreendidos, de diversos agentes escolares, como professores, diretores, alunos e funcionários, bem como através da aplicação de questionários em duas turmas. Foram analisadas também, médias de avaliações, que apresentou um padrão decrescente em relação aos turnos da manhã e da tarde, assim como a carga horária de aulas. Destacam-se como resultados a compreensão, tanto de especificidades do turno noturno, como a centralidade no trabalho, quanto a identificação de pontos comuns com a escola de ensino médio, como uma falta de sentido que coexiste com a persistência de uma esperança no futuro por parte desses jovens. Percebeu-se a existência de uma desigualdade também no interior da própria escola noturna, com expectativas diferenciadas entre a EJA e o ensino regular, sendo a EJA, em geral, menos qualificada nos discursos analisados. A bibliografia de apoio ressoa os pontos encontrados in locus, bem como a análise histórica permite identificar permanências, desde o Império, da concepção do turno noturno como destinado ao aluno trabalhador. No presente, o turno sofre com o desmonte de turmas bem como com as críticas, tanto de movimentos educacionais com a participação empresarial como de gestores públicos que o denominam como “exceção”This qualitative research focuses on the high school night school, having as its starting point the experience as a resident in a school in São Gonçalo-RJ during the year 2019. Trying to understand the school space-time of that shift, mainly marked by the acceleration, the observations were complemented by the collection of discourse data, many informally seized, from various school agents, such as teachers, principals, students and staff, as well as through the application of questionnaires in two classes. We also analyzed average ratings, which showed a decreasing pattern in relation to the morning and afternoon shifts, as well as the class load. The results include the understanding, both of night shift specificities, such as the centrality at work, as well as the identification of commonalities with the high school, as a lack of meaning that coexists with the persistence of hope for the future. Part of these young people. It was noticed the existence of an inequality also within the night school itself, with different expectations between the “EJA” and the regular education, being the “EJA”, in general, less qualified in the analyzed discourses. The supporting bibliography resonates the points found in locus, as well as the historical analysis allows to identify permanencies, since the Brazilian Empire, of the conception of the night shift as intended for the working student. At present, the shift suffers from the dismantling of classes as well as criticism from both educational movements with business participation and public managers who call it the “exception