O panorama do abandono familiar vivenciado pelas mulheres encarceradas no Brasil e seus efeitos na experiência prisional

O presente trabalho aborda o abandono familiar vivenciado pelas mulheres encarceradas no Brasil e seus efeitos na experiência prisional. Objetiva-se analisar a estigmatização das presas e as causas que contribuem para o baixo índice de visitação destas mulheres. Busca-se compreender as consequências deste abandono familiar para as presas durante o período do cárcere. Para tal, utilizou-se metodologia de revisão bibliográfica e o estudo de dados oficiais apresentados por órgãos estatais e por organizações privadas. A hipótese central consistiu em verificar a relação intrínseca entre o andocentrismo arraigado na sociedade e a estigmatização da mulher presa como causa do abandono familiar. A partir da análise dos dados estatísticos foi traçado um perfil da mulher presa, um panorama da extensão do abandono e fatores de ordem estrutural das prisões que contribuem para o abandono familiar. O problema de pesquisa consistiu em identificar a contribuição do sistema prisional para o fomento de sentimentos de desumanização e despersonalização naqueles que à eles são submetidos, a relevância da afetividade para que a presa lide com estes sentimentos, bem como aufira assistência de ordem material. Por fim, verificou-se uma tendência da encarcerada em uma vez rompidos os laços socioafetivos extramuros, sofrer um quadro de adoecimento mental que pode levar ao suicídio. No entanto, notou-se a procura de alternativas para lidar com o abandono familiar, marcadas principalmente pelo desenvolvimento de relacionamentos homoafetivos na prisão.This paper address the family abandonment experienced by incarcerated women in Brazil and its effects on the prison experience. The objective is to analyze the stigmatization of the prisioner and the causes that contribute to the low visitation rate of these women. The aim is to understand the consequences of this family abandonment to the prisioner during the prison period. To this end, we used the literature review methodology and the study of official data presented by state agencies and private organizations. The central hypothesis was to verify the intrinsic relationship between entrenched andocentrism in society and the stigmatization of imprisoned women as a cause of family abandonment. From the analysis of the statistical data, a profile of the imprisoned woman, an overview of the extent of the abandonment and structural factors of the prisons that contribute to the family abandonment were traced. The research problem consisted in identifying the contribution of the imprisonment system to the development of feelings of dehumanization and depersonalization in those who are subjected to them, the relevance of affectivity for the prisioner to deal with these feelings, as well as receiving material assistance. Finally, there was a tendency of the imprisoned, once broken the extramural socio-affective ties, to suffer a mental illness that can lead to suicide. However, it was noted the search for alternatives to deal with family abandonment, marked mainly by the development of homosexual relationships in prison