Comida, ética e reciprocidade em tempos de pandemia: diálogos entre Brasil, Espanha e Itália

No apagar das luzes do ano 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi advertida a respeito da eclosão de diversos casos de pneumonia na República Popular da China, mais precisamente na cidade de Wuhan, Província de Hubei. Surgia, assim, uma nova cepa de coronavírus nunca antes identificada na espécie humana. O aumento rápido no número de casos dessa doença respiratória e as primeiras centenas de óbitos converteram-se em tema de crescente preocupação por parte das autoridades sanitárias. Em 11 de fevereiro de 2020, a enfermidade passou a ser referida como covid-19, momento em que se converteu numa pandemia, alcançando os cinco continentes do planeta. Longe de ser definitivamente debelada, a pandemia da covid-19 representa hoje um divisor de águas na história recente da humanidade, cujos efeitos alcançam os mais recônditos âmbitos da vida humana, assim como das diversas instituições e relações estabelecidas entre os indivíduos. Os impactos estão ainda sendo avaliados, mas são claros os sinais de recrudescimento da injustiça e da desigualdade social, bem como de uma abissal concentração de renda e forte precarização das relações de trabalho