Pantanal ameaçado: as contradições em torno das narrativas para produção de energia hídrica

A construção de represas, principalmente as de pequeno porte, denominadas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) vem se estabilizando nas últimas décadas como uma estratégia brasileira para a expansão da matriz energética do país. Essa estratégia é sustentada pela narrativa do desenvolvimento sustentado pela geração de energia limpa. A borda da Bacia do Alto rio Paraguai (BAP), em que se localiza o Pantanal, maior planície inundável do planeta, é considerada como território detentor de potencial hídrico representativo, tornando-se, portanto, local prioritário para a instalação de represas. Hoje já existem 52 empreendimentos em operação e a previsão é de que mais 101 outras represas sejam instaladas nos próximos anos. Este trabalho, construído a partir de bases de dados oficiais e referenciamento geocartográfico se volta: 1) para a explicitação de que a narrativa que justifica essa forma de exploração do território é uma falácia; 2) para provar que a energia produzida por estes empreendimentos em operação é absolutamente insignificante para a manutenção da matriz de produção energética brasileira