Diagnóstico da Pesca nos Açores

A Caracterização e Análise Prospectiva do Sector das Pescas pressupõe a colaboração e orientação da Universidade dos Açores. Esta cooperação passa pela elaboração da amostragem, a operacionalização dos factores de sondagem, a estruturação de um inquérito, a construção de base informática para tratamento dos dados e a elaboração de relatório final. PALAVRAS-CHAVE Diagnóstico Conhecimento Intervenção INTRODUÇÃO O projecto “Mudança de Maré” tem como principais objectivos aprofundar o conhecimento das comunidades piscatórias, com vista à obtenção de informação quantitativa e qualitativa indispensável à implementação de medidas de acção concretas. Assim, na concepção do projecto, foi dada importância a uma actividade que permitisse aferir conhecimento sobre as comunidades piscatórias, de forma a completar aquele que as organizações do sector já possuem e a colmatar lacunas de outros estudos já realizados. De modo a garantir uma validade científica esta actividade foi preparada e está a ser implementada com a colaboração do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade dos Açores, com o qual se realizou um acordo de cooperação no âmbito do “Mudança de Maré”. Esta actividade tem como principais objectivos: Estudo de diagnóstico e caracterização do sector que permita perspectivar as tendências de evolução da pesca e áreas alternativas para onde se poderá orientar o esforço de reconversão; Identificação das necessidades e perfis profissionais dos recursos humanos das comunidades piscatórias dos Açores de modo a permitir a concepção e organização de respostas de formação e emprego para as mesmas comunidades. desenvolvimento da actividade Cronograma da actividade O cronograma da actividade, de acordo com os dados introduzidos no SIIFSE, reporta o início da actividade a 1-07-2003 e o fim da mesma a 31-07-2004. Principais alterações ao cronograma inicial: Existindo inúmeros aspectos imponderáveis aquando da elaboração do primeiro planeamento da actividade, foi necessário ajustar o cronograma inicial no decorrer do ano e da actividade, por forma a garantir a dinâmica e a aproximação aos objectivos pretendidos. As principais alterações prendem-se com as dificuldades sentidas na aplicação dos inquéritos nas diversas ilhas e com a alteração da amostragem inicial, em que se elevou o número de questionários a aplicar nas ilhas pequenas (Santa Maria, Graciosa, S. Jorge e Flores) para o número mínimo de 20 questionários, de modo a garantir a representatividade mínima admissível estatisticamente. Narrativa da actividade Metodologia da Actividade: O trabalho de diagnóstico está dividido em três acções: 1ª acção: levantamento sócio profissional da população alvo (profissionais e mulheres das comunidades económicas), as suas perspectivas e expectativas em relação à evolução do sector, emprego e formação. Realização de uma análise documental e a partir de intervenções e estudos já realizados nesta área, pela AMA e outras entidades parceiras que actuam nas comunidades piscatórias. Foram igualmente reunidos dados e estatísticas do sector, como sejam o emprego, a formação, o absentismo escolar, o papel da mulher nas comunidades piscatórias, entre outras. O resultado desta análise possibilitou a definição dos factores de análise/sondagem e a construção de instrumentos de aferição. 2ª acção: levantamento das tendências de evolução do sector e identificação de novos sectores de actividade que desenvolvam oportunidades de reconversão para profissionais e mulheres no sector Construção de um questionário destinado aos especialistas do sector, informantes privilegiados, que pela sua experiência podem ajudar a compreender melhor o impacto da mudança. Análise que permite perspectivar tendências de evolução do sector das pescas nos Açores. 3ª acção: Análise dos dados; elaboração de relatório final; construção de perfis do sector – actuais e futuros. Corpo de práticas A actividade de Diagnóstico e Análise Prospectiva do Sector da Pesca dos Açores está a ser implementada através de duas ferramentas distintas: um inquérito por questionário dirigido a uma amostra representativa dos pescadores em actividade na Região e um inquérito por entrevista aplicado a informantes privilegiados, denominados por especialistas do sector. Assim, seleccionou-se um conjunto de 30 especialistas do sector, constituídos por dirigentes associativos, governamentais e técnicos ligados à actividade da pesca, bem como alguns armadores com grande experiência na actividade. A implementação desta actividade teve início no mês de Outubro de 2002 com a aplicação de 50 questionários nas ilhas do Faial e do Pico, e com o envio de guiões de entrevista aos 30 especialistas do sector. A estes foi pedido o anonimato na resposta com o envio do questionário preenchido pelo correio sem remetente. A Amostragem para ser representativa dos Açores e para que o erro máximo não ultrapasse os 4,5% obriga-nos a realizar 327 inquéritos, em que a sua distribuição por quotas dita: 14 para Santa Maria; 199 para São Miguel; 49 para a Terceira; 15 para São Jorge; 25 para o Pico e 25 para o Faial. Em Abril de 2003 iniciou-se a aplicação dos questionários na ilha de São Miguel, com a colaboração de 14 Entrevistadores, estando neste momento já realizados os questionários previstos para esta ilha. A constituição de um grupo de entrevistadores, essencialmente jovens estudantes, pressupôs uma sessão de formação, realizada com a colaboração da Coordenação do Projecto, com o objectivo de dar a conhecer o “Mudança de Maré”, as actividades da Associação Marítima Açoreana, e mais especificamente, para preparar os entrevistadores para a aplicação dos questionários e para o contacto com as comunidades piscatórias. Em Julho de 2003 procedeu-se a uma alteração na amostragem, elevando as ilhas pequenas ( Sta. Maria, Graciosa, S. Jorge e Flores)para o número mínimo de 20 questionários e incluindo a ilha das Flores que não estava prevista na amostragem inicial. Afim de as juntar num grupo e de dar a cada uma a representatividade mínima admissível estatisticamente, já que com a Amostragem inicial não era possível desagregar as ilhas pequenas de modo a apresentar os dados de cada uma com rigor científico. Assim, de um total de 327 inquéritos previstos inicialmente passou-se para 378. Entre 2 e 7 de Agosto de 2003 foram aplicados 20 questionários na ilha das Flores, seguindo-se a ilha de São Jorge com a aplicação de 20 questionários entre 14 e 24 de Agosto do mesmo ano. No mês de Setembro (dias 26 a 29) foram aplicados 20 inquéritos na ilha de Santa Maria. Neste momento apenas falta a aplicação dos questionários na ilha Terceira e Graciosa, que será concretizada no mês de Janeiro de 2004. No mês de Novembro de 2003 deu-se início, num trabalho conjunto com a Universidade dos Açores, à construção da base informática para classificação e análise dos dados, prevendo-se a sua conclusão no início de Janeiro de 2004. O desenvolvimento desta actividade tem tido a importante colaboração do Centro de Estudos Sociais – Universidade dos Açores, através do Dr. Licínio Tomás, que tem reunido várias vezes com a Associação Marítima Açoreana, para melhor preparação das diversas etapas da actividade e tem despendido muito do seu tempo no desenvolvimento e acompanhamento da actividade. As principais dificuldades encontradas residiram na especificidade do público alvo, nas dificuldades linguísticas sentidas na comunicação com os pescadores e na concepção e adaptação do questionário ao mundo concreto da pesca, com as suas palavras e significados próprios. Para resolver estas dificuldades recorreu-se a várias estratégias, testando-se várias vezes e em vários portos o questionário, o que originou várias alterações na forma como as variáveis eram aferidas. Procurou-se constituir um grupo de entrevistadores homogéneo, ao qual foi dada uma formação prévia, sobre o funcionamento do questionário, a contextualização que se devia criar e algumas noções básicas sobre o mundo da pesca pertinentes na aplicação do questionário. Os questionários foram aplicados com os entrevistadores todos juntos, ao mesmo tempo, nos mesmos portos, em dias que os pescadores estão em terra. E não com cada entrevistador a aplicar os seus questionários de uma forma isolada. Esta metodologia inovadora trouxe algumas vantagens significativas, como sejam, o total controlo sobre a autenticidade do dados, a possibilidade de esclarecer dúvidas dos entrevistadores surgidas na recolha dos dados e uma maior proximidade com os pescadores. Produtos da actividade: O principal produto da actividade será o relatório final, onde os dados serão tratados, apresentados e analisados, de forma a constituir uma ferramenta essencial na definição de estratégias de desenvolvimento e de adaptação do sector das pescas. Com o objectivo de articular esta actividade com outras do projecto e de disseminar os produtos, toda a informação do relatório final será igualmente editada em livro, no III volume da colecção Pesca Artesanal, de forma a chegar não só àqueles que trabalham no sector da pesca, mas a todos os interessados do público mais vasto. Metodologia de avaliação e acompanhamento: Esta actividade é avaliada em vários momentos pelo Sistema de Auto-Avaliação Participada, implementado pelo projecto “Mudança de Maré”, e pela aplicação do Balanço de Competências, outra metodologia de avaliação do projecto