EXTRAÇÃO E RENDIMENTO DO ÓLEO DAS SEMENTES DE MARACUJÁ DO CERRADO (Passiflora cincinatta Mast.): POTENCIAL DE APLICAÇÃO DE SOLVENTE VERDE

Introdução: O desperdício é uma problemática presente em praticamente toda cadeia de produção alimentícia, estando associada, dentre outros fatores, à destinação imprópria dos resíduos gerados no decorrer dos processos. Uma forma de reduzir o desperdício é por meio do aproveitamento integral das matérias-primas, realizando o proveito de cascas e sementes de frutos, por exemplo. O maracujá do cerrado é um fruto característico da região semiárida do Nordeste do Brasil, ainda pouco difundido industrialmente e com seu consumo limitado a polpa, ocorrendo o descarte das cascas e sementes. Objetivo: Com o intuito de incentivar e ampliar o aproveitamento integral de frutos característicos do Nordeste brasileiro, objetivou-se, neste estudo, obter uma farinha a partir das sementes do maracujá do cerrado e realizar a extração do óleo dessa farinha utilizando o etanol, avaliando o potencial de aplicação desse solvente verde. Metodologia: Para tanto, os frutos foram adquiridos em feiras da região Oeste da Bahia e, em seguida, foram higienizados e despolpados. A sementes foram secas em estufa sem circulação de ar a 60 °C e trituradas até obtenção de uma farinha. A extração do óleo se deu por extração contínua à quente (70 °C) com etanol, em extrator de gordura (Quimis, Q-308G22, São Paulo, Brasil) por cerca de 3 horas. Após a recuperação automática do solvente no próprio extrator de gordura, o extrato foi levado para estufa, onde permaneceu por uma hora a 60 °C para evaporação total do solvente residual. As análises foram realizadas em triplicata e os dados foram organizados e analisados por estatística descritiva, mensurando a média aritmética e desvio padrão, considerando significância de 5 %, através do software Excel®. Resultados e discussão: As sementes apresentaram umidade média de 7,04 ± 0,05 %, valor, que segundo a literatura, é considerado adequado para realizar a extração do óleo dessas sementes. Por meio do processo de extração, usando etanol como solvente, foi alcançado um rendimento de 16,08 ± 0,12 % de óleo. A literatura reporta porcentagens de extração variando entre 15 % e 20 %, utilizando solventes poluentes, como hexano e éter de petróleo, que além de tóxicos, exigem cuidados em sua manipulação, especialmente em produtos de cunho alimentício. O resultado alcançado pelo etanol evidencia que solventes poluentes podem ser substituídos por este solvente verde, reduzindo o impacto ambiental negativo das indústrias extratoras de óleos e os riscos à saúde dos consumidores. Conclusão: Em suma, os resultados apontam que as sementes do maracujá do cerrado possuem potencial para extração de óleo, além de trazer o etanol como um bom substituto à solventes orgânicos tóxicos