GEOQUÍMICA FORENSE POR ISÓTOPOS DE PB COMO MÉTODO PARA RASTREABILIDADE DE OURO NA REGIÃO AMAZÔNICA

Resumo O Brasil tradicionalmente ocupa uma posição de destaque na produção mundial de ouro, predominantemente realizada por mineradoras e secundariamente por mineração artesanal e garimpos. Quando executado sem planejamento, ou de modo ilegal, o garimpo causa impactos socioambientais e degradação. Na região Amazônica esse panorama é favorecido pelas amplas áreas de floresta com baixa densidade demográfica, dificultando a fiscalização de atividade predatória e potencializando atividades ilegais. O rastreamento de ouro proveniente de mineração artesanal ilegal tem sido um desafio para autoridades brasileiras e internacionais e a aplicação de geoquímica isotópica como um traçador tem se mostrado uma tecnologia eficiente para identificação de diversas fontes e tipos de materiais. Desse modo, a premissa deste trabalho é a identificação da assinatura isotópica de Pb como uma ferramenta forense para rastreabilidade de ouro proveniente da região Amazônica, mais especificamente, no norte do estado do Amapá. Nessa região, as mineralizações auríferas se inserem no contexto geológico do Domínio Lourenço, com depósitos tanto do tipo orogênico quanto veios mineralizados associados a intrusões graníticas. As mineralizações ocorrem associadas a sulfetos como pirita, calcopirita, arsenopirita e pirrotita. Trabalhos recentes têm testado a variação isotópica do Pb em ouro em processos industriais e naturais de formação do minério, as quais dependerão das diferentes fontes de magma, fluidos e metais presentes no sistema, sendo um traçador promissor para ouro. O ouro primário e aluvionar (in-natura) pode apresentar composição isotópica distinta do ouro processado e purificado pela mineração artesanal e, portanto, será necessário avaliar a influência do processo de beneficiamento em amostras processadas. A mudança da assinatura isotópica induzida pelo processo de purificação e beneficiamento antrópico será quantificada, bem como a identificação das fontes naturais será feita através de estudos petrográficos, geoquímicos e isotópicos. Desse modo, espera-se entender como a composição isotópica de Pb varia na cadeia de beneficiamento do ouro e o quanto é possível traçar de sua origem e correlacioná-lo a depósitos de ouro específicos. O desenvolvimento de um banco de dados que possa ser utilizado pelas autoridades brasileiras (Polícia Federal e órgãos ambientais) irá auxiliar no combate à mineração ilegal na Amazônia, podendo também ser expandida para países fronteiriços na América do Sul