Apresentação

Estaríamos vivendo um período de “guerra”? A luta já se encerrou ou vivemos um período de trégua? Chamar os últimos momentos que enfrentamos de “guerra” não seria demasiado exagero? Quando pensamos nesta 4ª edição, nos pusemos a refletir sobre várias questões. Porém, o que gritava em nós era o período que atravessávamos: as eleições de 2022. Nossa postura foi, é, e sempre será, marcadamente política, pois não percebemos outra maneira de nos colocarmos no mundo senão essa. Apesar de serem as eleições caracterizadas, também, pelo partidarismo, o último pleito colocava muitas outras questões acima da escolha por A ou B. Fomos às ruas, e às urnas, escolher entre nossas vidas ou nossas mortes. Durante os últimos seis anos, após o Golpe sofrido pela então presidenta, Dilma Rousseff, vivemos tempos sombrios, onde o medo nos assolava. Nossos direitos - pouquíssimos - até então conquistados, nos eram usurpados. A crueldade nos discursos, nos atos, no parlatório, na TV, nos grupos de WhatsApp, tornaram-se “comuns” e foram normalizados. Coincidência, ou não, o assassinato de pessoas trans ganhou força e atingiu números alarmantes, mantendo o Brasil no primeiro lugar do ranking de países que mais matam essa população (BENEVIDES, 2023). O que dizer, então, do GENOCÍDIO que assistimos durante a pandemia do Covid-19? Foram quase 700 MIL MORTES, das quais muitas poderiam ter sido evitadas se o governo anterior tivesse valorizado a vida (REINACH, 2022). Mas, de que vidas estamos falando? Daquelas que, por privilégio, puderam viajar para o exterior e se imunizarem, ou das vidas pobres, periféricas, negras, vulneráveis, subalternizadas (SPIVAK, 2018) que aguardavam, ansiosamente, por uma vacina que pudesse lhes resguardar