Utilização de sondas de alimentação em gatos hospitalizados com doença renal crónica : estudo retrospetivo de 63 casos clínicos (2018-2023)

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, área científica de ClínicaA Doença Renal Crónica (DRC) caracteriza-se por uma perda progressiva e irreversível da função renal e trata-se da doença metabólica mais prevalente em gatos domésticos. O diagnóstico de DRC é realizado através dos sinais físicos, sinais laboratoriais e dos exames complementares de diagnóstico. A inapetência é dos sinais clínicos mais frequente, está principalmente associada à náusea e ao vómito e leva a uma perda de condição corporal nos animais. Por sua vez, uma condição corporal baixa representa um pior prognóstico e um menor tempo de sobrevivência. O tratamento de gatos com DRC tem como principais objetivos terapêuticos atrasar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vidas dos animais. O estudo realizado teve como principais objetivos a avaliação da influência da utilização de sondas de alimentação na evolução clínica dos animais, a perceção se o momento da colocação da sonda interfere com esta evolução clínica e a análise de possíveis indicadores de prognóstico para o desfeche clínico de gatos hospitalizados com DRC. Foi utilizada como amostragem gatos diagnosticados com DRC (n=63), que foram hospitalizados no HEV-FMV e que apresentavam um estímulo iatotrópico de inapetência (100%). Os resultados obtidos demonstraram que a utilização da sonda de alimentação não influenciou a evolução clínica, nomeadamente na alteração dos valores de creatinina (p=0,79) e na retoma da ingestão de alimento (p=0,55), nem a sobrevivência dos animais (p=0,92). Os resultados também não evidenciaram diferenças relativamente ao momento de colocação das sondas de alimentação relativamente à alteração dos valores de creatinina (p=1), à retoma da ingestão de alimento (p=0,88) e à sobrevivência dos animais (p=0,64). No entanto, observou-se que a duração do período de hospitalização foi superior em gatos que foram submetidos à colocação de sondas de alimentação (p<0,05). Foi também evidenciado que, na ausência da utilização de métodos de alimentação assistida, nenhum animal retomou a ingestão voluntária de alimento após um período de 3 dias de hospitalização. A concentração sérica de creatinina (p<0,05), a alteração dos valores de creatinina durante o período hospitalar (p<0,05), a concentração sérica de fósforo (p<0,05) e o retomar da ingestão voluntária de alimento (p<0,05) foram identificados como indiciadores de prognóstico para o desfeche clínicoABSTRACT - Use of feeding tubes in hospitalised cats with Chronic Kidney Disease: a retrospective study of 63 clinical cases (2018-2023) - Chronic Kidney Disease (CKD) is characterised by a progressive and irreversible loss of renal function and is the most common metabolic disease of domesticated cats. The diagnosis of CKD is based on the physical signs, laboratory signs and complementary diagnostic tests. Inappetence is one of the most frequent clinical signs, it is mainly associated with nausea and vomiting and leads to a loss of body condition. On the other hand, a low body condition represents a worse prognosis and a shorter survival time for the animals. The treatment of cats with CKD has as its main therapeutic goals to delay disease progression and improve the quality of life of the animals. The main objectives of the study were to evaluate the influence of the use of feeding tubes on the clinical evolution of the animals, to understand whether the timing of tube placement interferes with this clinical outcome and to analyse possible prognostic indicators for the clinical outcome of cats hospitalised with CKD. The study included cats diagnosed with CKD (n=63), that were hospitalised in the HEV-FMV and that had nappetence (100%). The results obtained showed that the use of the feeding tube did not influence the clinical evolution, namely in the alteration of creatinine values (p=0.79) and the resumption of food intake (p=0.55), nor the survival of the animals (p=0.92). The results also showed no differences regarding the time of insertion of the feeding tube in relation to changes in the creatinine values (p=1), resumption of food intake (p=0.88) and survival of the animals (p=0.64). However, it was observed that the length of hospital stay was longer in cats that underwent feeding tubes (p<0.05). It was also evidenced that in the absence of the use of assisted feeding methods, no animal resumed voluntary food intake after a 3-day period of hospitalisation. Serum creatinine concentration (p<0.05), alteration of creatinine values during the hospitalization period (p<0.05), serum phosphorus concentration (p<0.05) and resumption of voluntary food intake (p