Les politiques de vaccination au Brésil : entre science, santé publique et contrôle social

Acesso ao tratamento da Aids, mercados de medicamentos e cidadania no Brasil João Biehl Esse artigo aborda questões políticas e econômicas colocadas pela política brasileira de acesso universal ao tratamento da Aids e examina seu alcance médico e social em contextos de pobreza urbana nos quais a epidemia se propaga muito rapidamente. Demonstro que a combinação entre ativismo dos pacientes, interesses da indústria farmacêutica e reforma do Estado conduziu a uma mudança progressiva do conceito de saúde pública. Este é entendido, hoje, menos como a atenção médica voltada à prevenção do que como acesso a medicamentos e cuidados de saúde dispensados pela própria comunidade. As terapias contra a Aids tornaram-se disponíveis para todos (com a presença efetiva do Estado na distribuição de medicamentos). Contudo, cabe aos indivíduos e às comunidades assumirem localmente o papel das instituições políticas e médicas. Em um quadro de infraestructuras limitadas e por meio de multiplos circuitos de cuidados de saúde, a subjetividade de alguns pacientes vivendo com Hiv/ Aids vem a ser reconfigurada segundo a «vontade de viver » pelo tratamento.Vaccination policies in Brazil : science, public health and social control This article opposes the history of smallpox vaccination in Brazil with the one of vaccination against yellow fever. First attempts to impose small pox vaccination were closely linked with efforts of forced “ sanitizing” popular neighborhoods of Rio de Janeiro. These efforts met popular resistance that culminated with the “ vaccination rebellion” of 1904. The overall success of Cruz’s sanitary campaign (1903-1907) led to enhancement of prestige of public health in Brazil, but public health measures rooted in control over populations continued to induce reactions of reject and resistance. The vaccination campaign against yellow fever that started in 1938, did not led, however, such reactions. This campaign was welcomed by local populations, and it popularity was not harmed by a series of vaccination accidents. The radical change of attitudes towards vaccination between 1904 and 1938 may be explained by the displacement of goals of vaccination from protection of spaces to protection of individuals at risk.Políticas de vacinação no Brasil. Entre ciência, saúde pública e controle social Ilana Löwy Este artigo contrasta a história da vacinação contra varíola com a da vacinação contra a febre amarela, no Brasil. As primeiras tentativas de impor a vacinação antivariólica estiveram ligadas a iniciativas de sanear bairros populares do Rio de Janeiro, quando necessário com uso da força. Essas tentativas tiveram de enfrentar uma resistência popular que culminou na «revolta da vacina » , em 1904. O sucesso da campanha sanitária de Oswaldo Cruz (1903-1907) aumentou consideravelmente o prestígio da saúde pública no Brasil. Entretanto, as políticas sanitárias fundadas no controle das populações continuaram a provocar reações de resistência e rejeição. Este não foi, contudo, o caso da vacinação contra a febre amarela, voluntariamente bem aceita. Nem mesmo acidentes de vacinação diminuíram o interesse dos brasileiros pela vacina. A mudança radical de atitude no sentido da aceitação da vacinação pode ser explicada pelo deslocamento do objetivo da intervenção sanitária : do saneamento dos espaços para a proteção dos indivíduos sob risco.Las políticas de vacunación en Brasil. Entre ciencia, salud pública y control social Este artículo contrasta la historia de la vacunación contra la viruela con la de la fiebre amarilla en Brasil. Las primeras tentativas de imponer la vacunación contra la viruela estuvieron ligadas a los intentos de saneamiento, sí era necesario por la fuerza, en los barrios populares de Rio de Janeiro. Estos intentos enfrentaron una resistencia popular que terminó con la «revuelta de la vacuna » de 1904. Aunque el éxito de la campaña sanitaria de Oswaldo Cruz (1903-1907) aumentó el prestigio de la salud pública en Brasil, las políticas sanitarias fundadas sobre el control de la población continuaron provocando una reacción de resistencia y de rechazo. No obstante, éste no fue el caso de la vacunación contra la fiebre amarilla, empezada en 1938, la cual tuvo una gran acogida. Ni siquiera los accidentes ocurridos durante vacunación disminuyeron el interés que ésta les causaba a los brasileros. Este cambio radical de actitud frente a la vacunación entre 1904 y 1938 puede explicarse por el desplazamiento de unos objetivos centrados en la intervención sanitaria del espacio hacia otros enfocados en la protección de individuos en riesgo.Löwy Ilana. Les politiques de vaccination au Brésil : entre science, santé publique et contrôle social. In: Sciences sociales et santé. Volume 27, n°3, 2009. pp. 105-134