Memórias de infância sobre práticas parentais educativas e sintomatologia psicopatológica no adulto

Dissertação de mestrado, Psicologia (Área de Especialização em Psicologia Clínica e da Saúde - Psicologia Clínica Dinâmica), 2020, Universidade de Lisboa, Faculdade de PsicologiaVisa-se o estudo das memórias de infância relativas a práticas parentais educativas e da sintomatologia psicopatológica no adulto, considerando grupos de homens e mulheres. Pretendeu-se: (1) analisar as diferenças entre os dois grupos em ambas as dimensões; (2) averiguar a relação entre elas em cada grupo; (3) explorar a relação de cada dimensão com a idade e o nível de escolaridade. No estudo participaram 243 indivíduos, 120 homens (Midade = 42.76; DP = 4.96) e 123 mulheres (Midade = 40.49; DP = 3.89). Utilizou-se um Questionário Demográfico e Psicossocial (para recolha de informação sociodemográfica), o EMBU (memórias de infância) e o BSI - Inventário de Sintomas Psicopatológicos. Os resultados conduziram a diferenças significativas entre os grupos em seis das oito dimensões de sintomatologia psicopatológica (obtendo as mulheres resultados mais elevados), mas não se verificaram diferenças nas práticas parentais. Face à relação da sintomatologia com as memórias sobre práticas educativas, o padrão de resultados foi diferente nos dois grupos; no caso dos homens, a rejeição (materna e paterna) associou-se com seis dimensões de sintomas (não se associando com a somatização e a ansiedade fóbica), enquanto no caso das mulheres apenas se relacionou com a sensibilidade interpessoal, verificando-se ainda neste grupo uma associação com a sobreproteção materna (ideação paranóide) e com o suporte emocional materno (sensibilidade interpessoal e depressão) e paterno (ansiedade). Por fim, ocorreram associações do nível de escolaridade com o suporte emocional paterno (homens) e materno (mulheres), e com a ansiedade fóbica (homens), bem como da idade com a rejeição paterna (homens). Os resultados contribuem para aprofundar o conhecimento sobre a relação das práticas parentais com a sintomatologia psicopatológica no adulto, e para aumentar o entendimento não só sobre o potencial papel diferencial das práticas maternas e paternas, como sobre as diferenças homens - mulheres nas dimensões estudadas.The aim is to study childhood memories of parental rearing practices and adult psychopathological symptomatology, considering two groups of males and females. The study sought to: (1) analyze the differences between the two groups in both dimensions; (2) ascertain the relationship between them in each group; (3) explore the relationship of each dimension with age and level of schooling. This study consisted of 243 participants, 120 male (Mage = 42.76; DP = 4.96) and 123 female (Mage = 40.49; DP = 3.89). The Questionário Demográfico e Psicossocial [Demographic and Psychosocial Questionnaire] (in order to collect sociodemographic information), the EMBU (childhood memories) and the BSI - Brief Symptom Inventory were used. The results indicated significant differences between the groups in six out of eight dimensions of psychopathological symptomatology (females obtaining higher results), however no significant differences were found in parenting practices. As for the relationship of symptomatology with child rearing memories, the pattern of results was different in the two groups; in the case of males, rejection (maternal and paternal) was associated with six symptom dimensions (but not with somatization and phobic anxiety), whereas in the case of females a relationship was only observed with interpersonal sensitivity. In the latter group, an association with maternal overprotection (paranoid ideation) and with maternal (interpersonal sensitivity and depression) and paternal (anxiety) emotional support was also found. Lastly, associations occurred between level of schooling and paternal (males) and maternal (females) emotional support and phobic anxiety (males), as well as between age and paternal rejection (males). The results contribute to deepening the knowledge of the relationship between parenting practices and adult psychopathological symptomology, and to furthering understanding not only of the potential differentiating role of maternal and paternal practices, but also of the differences between males and females in the dimensions under study