O início da metapsicologia de Freud: uma abordagem epistemológica sobre a gênese do inconsciente

The main objective of this work is to understand the Freudian metapsychological status, in order to clarify the nature of the psychic, as well as to present the main freudian hypotheses regarding the genesis and relation of the unconscious and the conscience. Is it possible to attribute to the human mind a psychic activity that would be disengaged from the brain? Is psychology postulating other ways of understanding the nature of the psychic, or is it merely an epistemic unfolding related to the new discoveries of the human mind? In the work entitled "Project of a Psychology," written in 1895 and published posthumously in 1950, Freud initially formulates the hypothesis of a "neuronal apparatus" that would correspond to processes that would occur in the nervous system and could be related to the anatomical regions of the brain. In this text, for the first time in his metapsychological work, Freud admits the existence of an unconscious psychic, or in other words, of "psychic" processes that would occur independently of the sphere of consciousness. In the text "Note on the Concept of the Unconscious in Psychoanalysis", 1912, Freud clarifies that psychoanalysis attributes to the unconscious term three distinct senses: the descriptive, the dynamic and the systematic. The term unconscious is used, in the descriptive sense, in order to describe phenomena that are psychic, however, they escape the notion of consciousness. As for the dynamic sense, the unconscious starts to be analyzed from the understanding that there is a set of nonconscious forces that influence psychic behavior. Freud points out that the unconscious and insusceptible phenomena of consciousness reveal elements distinct from those of the psyche, and which have a connection with consciousness. Freud formulates his hypotheses on psychoanalytic theory in the work "The Interpretation of Dreams" of 1900, analyzing normal and pathological mental functioning through the analysis of dreams. Freud seeks to understand and point out that during their analysis people could reveal their neurotic conflicts. Freud states that we have no guarantee that it is possible to know dreams as they really do, for what we remember from a dream has already been fragmented by our memory, since we do not have the ability to retain all or most of the dream. dreamy content. Our memories of dreams are uncertain and can be falsified. He points out that the unconscious is the true psychic reality and that it can only be known at the moment when the data of consciousness emerge, for in itself the unconscious is unknowable.O principal objetivo desse trabalho dissertativo é compreender o estatuto metapsicológico freudiano, no sentido de esclarecer a natureza do psíquico, assim como, também, apresentar as principais hipóteses freudianas a respeito da gênese e a relação do inconsciente e da consciência. Seria possível atribuir à mente humana uma atividade psíquica que estaria desvinculada do cérebro? A psicologia estaria postulando outras formas de se compreender a natureza do psíquico ou seria apenas um desdobramento epistêmico relacionado com as novas descobertas da mente humana? No trabalho intitulado “Projeto de uma psicologia”, escrito em 1895 e publicado postumamente em 1950, Freud inicialmente formula a hipótese de um “aparelho neuronal” que corresponderia aos processos que ocorreriam no sistema nervoso e que poderiam ser relacionados às regiões anatômicas do cérebro. Nesse texto, pela primeira vez em sua obra metapsicológica, Freud admite a existência de um psíquico inconsciente, ou em outras palavras, de processos “psíquicos” que ocorreriam independentemente da esfera da consciência. No texto “Nota sobre o conceito de inconsciente na Psicanálise”, de 1912, Freud esclarece que a psicanálise atribui ao termo inconsciente, três sentidos distintos: o descritivo, o dinâmico e o sistemático. O termo inconsciente é utilizado, no sentido descritivo, no intuito de descrever fenômenos que são psíquicos, entretanto, escapam da noção de consciência. No que se refere ao sentido dinâmico, o inconsciente passa a ser analisado a partir da compreensão de que existe um conjunto de forças não conscientes, que influenciam o comportamento psíquico. Freud aponta que os fenômenos inconscientes e insuscetíveis de consciência, revelam elementos distintos aos do psiquismo, e que possuem ligação com a consciência. Na obra “A Interpretação dos Sonhos” de 1900, Freud formula suas hipóteses sobre a teoria psicanalítica analisando o funcionamento mental normal e patológico, através da análise dos sonhos. Freud busca compreender e apontar que durante a análise dos mesmos as pessoas poderiam revelar seus conflitos neuróticos. Freud afirma que não temos nenhuma garantia de que é possível conhecer os sonhos tal como eles realmente ocorrem, pois o que lembramos de um sonho, já foi fragmentado pela nossa memória, uma vez que não temos a capacidade de reter todo ou a maior parte do conteúdo sonhado. Nossas lembranças a respeito dos sonhos são incertas e podem ser falseadas. Ele aponta que o inconsciente é a verdadeira realidade psíquica e que o mesmo só pode ser conhecido no momento em que emergem os dados da consciência, pois, em si mesmo, o inconsciente é incognoscível