(Excerto) Numa das mais icónicas fotografias do final de 2014 o Papa Francisco surge desfocado e parcialmente encoberto por duas ou três mãos segurando dispositivos móveis que registam o momento. Não vemos o Papa, apesar de estarmos na sua presença, mas sugere--se, por via do enquadramento escolhido, que isso não será o mais importante. É uma foto desafiadora, porque parece dizer que vivemos cada vez mais seguros no conforto higienizado que se alcança à margem da experiência sensorial direta e é uma foto indiscutível porque captura esse universo em que o sentir se canaliza cada vez mais por via de aparelhos digitais integrantes do nosso espaço vital. Não se tratando de uma novidade, em sentido estrito, até porque se reconhecem aqui pistas ...