A participação na arquitectura : dos debates dos anos sessenta e setenta aos seus contributos para a contemporaneidade

Dissertação de mestrado em Arquitectura (área de especialização em Cultura Arquitectónica)A Participação na Arquitectura: dos debates dos anos sessenta e setenta aos seus contributos para a contemporaneidade teve como objectivo gerar uma reflexão acerca das mais-valias e condicionalismos dos processos participativos (isto é, resultantes do envolvimento dos futuros utilizadores na concepção, construção e/ou manutenção dos espaços da sua vivência quotidiana), partindo de uma análise bibliográfica e de estudos de caso (nacionais e internacionais) nos dois momentos mais significativos da sua concretização: as décadas de sessenta e setenta e a actualidade. Paralelamente, procurou-se compreender os novos papéis do arquitecto face à complexidade da exequibilidade destes processos. Partindo de um estudo historiográfico do debate arquitectónico eminentemente teórico realizado no Primeiro Mundo nas décadas de sessenta e setenta, seguiu-se a sua concretização na América Latina, local onde se propagavam os assentamentos informais resultantes da autoconstrução. Em Portugal, no pós-25 de Abril de 1974, teve lugar uma das mais prolíferas experiências de participação das comunidades na produção dos seus espaços do habitar. O Processo SAAL foi a resposta possível às graves carências habitacionais das classes populares, materializando o “direito à cidade”. Actualmente, o debate acerca da Participação renasce como forma de fazer face à crise económica e às desafiadoras e mutáveis necessidades dos utilizadores, gerando uma resposta mais contextualizada, promotora da coesão comunitária, do acréscimo do sentimento de pertença e da adequação e controlo de custos e de recursos. Da análise realizada concluiu-se que mais do que radicalizar as expectativas sociais da disciplina, deve-se procurar um ponto de equilíbrio. A Participação na contemporaneidade deve ser encarada como uma ferramenta permissora de respostas mais contextualizadas às diferentes solicitações que as constantes transformações sociais, políticas, económicas e até ideológicas requerem da Arquitectura.“Participation in architecture: from the debates of the sixties and seventies to their contribution to the contemporaneity” had as goal to generate a reflection about the benefits and constraints of the participative processes (i.e., the outcome from the involvement of future users on the design, construction and / or maintenance of areas of their daily lives), based on literature reviews and case studies analysis (national and international) from the two most relevant periods in its accomplishment: the sixties, the seventies and the present day. At the same time, we try to understand the architect’s new roles regarding the complexity of these processes viability. Starting with the strictly theoretical historiographic study of architectural debates held at the First World in the sixties and seventies, followed by its implementation on Latin America, where informal settlements were spreading due to self-constructions. One of the most prolific experiences of community participation in the production of their dwelling spaces took place in Portugal, after 25th April, 1974. The Process SAAL was the answer found to the serious housing needs from the popular classes, backing up the "right to the city". Nowadays, the debate about participation has reborn as a way to face the economic crisis and the challenging and changing needs of users, generating a contextualized answer, promoting community cohesion, increasing the sense of belonging and the suitability of costs and resources. It was the analysis conclusion that instead of radical social expectations from the discipline, we should look for equilibrium point. Participation on contemporaneity should be seen as a tool that can be used to obtain better contextualized responses to the various requests that constant social, political, economical and even ideological change demand from Architecture