Aplicação de modelos matemáticos no controlo da formação de trihalometanos em águas de abastecimento

No tratamento de água para abastecimento, a desinfecção química através da adição de compostos clorados inorgânicos tem sido o paradigma mais comum no controlo de qualidade microbiológica das águas de abastecimento e, por vezes, nas de recreio com contacto directo, pela sua capacidade de inactivação de bactérias patogénicas transmissíveis por via hídrica. Nos últimos anos, têm-se operado várias mudanças neste paradigma, em virtude do progressivo conhecimento de diversos microrganismos cloro-resistentes, incluindo algumas bactérias presentes nos biofilmes aderentes às paredes das condutas das redes de abastecimento, e que têm justificado a investigação de métodos alternativos de desinfecção baseados na utilização de produtos clorados orgânicos ou em processos de oxidação e de filtração avançados. Contudo, os avultados custos envolvidos na consolidação e instalação destas tecnologias emergentes de desinfecção não facilitam a sua aplicação generalizada em estações de tratamento de água (ETA) e o reconhecimento da elevada toxicidade de subprodutos da desinfecção (SPD) com compostos clorados exige que se proceda a um controlo adequado da sua formação, nomeadamente a dos trihalometanos (THM). Esta comunicação insere-se no âmbito do estudo de estratégias de minimização da formação de THM em águas de abastecimento e de recreio e tem como principal objectivo a descrição dos fundamentos e dos procedimentos efectuados no desenvolvimento de uma ferramenta informática (o THMControl) para gestão da qualidade da água relativa ao controlo da formação de trihalometanos (THM) em águas de abastecimento. O THMControl permite modelar a formação de THM em paralelo com o decaimento da concentração de cloro residual, através da incorporação de cinéticas adequadas e da consideração dos parâmetros de qualidade da água com influência comprovada nestes processos temperatura, pH e carbono orgânico total. Além disso, o THMControl fornece algumas recomendações operacionais e de gestão, sempre que os resultados do modelo ultrapassem valores recomendados ou admissíveis, tendo como objectivo a salvaguarda da saúde pública