Uma polémica sobre as quantidades negativas em 1785

Neste trabalho são analisadas duas cartas anónimas, datadas de 1785, pertencentes a uma polémica sobre o estatuto das quantidades negativas. Estas cartas foram já estudadas em [Schubring 2001], mas infelizmente esse artigo identifica erradamente o destinatário como sendo José Anastácio da Cunha e o autor como sendo José Monteiro da Rocha. Estas cartas referem-se efectivamente a Anastácio da Cunha e relacionam-se com outra carta sua [Cunha 1785], famosa por uma polémica com Monteiro da Rocha. Mas é necessário distinguir as duas polémicas que se cruzam em [Cunha 1785]: na das quantidades negativas, a participação de Anastácio da Cunha foi indirecta e a de Monteiro da Rocha inexistente. Os verdadeiros participantes terão sido Francisco Garção Stockler e alguns ex-alunos de Anastácio da Cunha. Em 1785, a comunidade matemática portuguesa, embora pequena, não se resumia aos professores (e ex-professores) da Faculdade de Matemática de Coimbra